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ninfeias

O NINFEIAS, núcleo de pesquisa coordenado pela pesquisadora e performer Nina Caetano - professora do departamento de artes cênicas da UFOP - visa a investigação de teorias feministas e práticas performativas. Funciona como uma rede colaborativa, instigando a provocação artística, encontros e trocas entre estudantes da Graduação e da Pós Graduação da UFOP e a comunidade ouropretana.
Atualmente o NINFEIAS é composto por Amanda Marcondes, B. Campos, Caroline Andrade, Caroline de Paula, Caroline Moraes, Danielle dos Anjos, Giulia Oliva, Jackeline Análio, Keila Assis, Marcinha Baobá e Renata Santana.

quarta-feira, 11 de março de 2015

como somos xxy. ou espaço x.



meu lugar em diversas.

foi as sete. comecei num sábado este espaço. procurei um lugar para troca. não, nego o envelope, aceito o batom. – uma legenda. – peço a escrita a papel e canetas.
EM EXPOSIÇÃO.

 parada, estirada de salto alto. a imagem de mulher exposta. o som da valsa número nove,  achismos para nomes que eu esqueço. valsa de Beethoven? danço. o salto permite movimentos curtos, dança ballética. pulinho daqui ali. pausa.
LEILÃO DE ARTE, 1,99. 8 DE MARÇO ÁS 19H.

oito de março era o dia da mulher né? posiciono. batons, marca de abusos, furtos olhares.  curiosos. paro. não há dança. o rock in roll do lugar não permitia que eu... tentei um pouco.  pequena dança. repito passos para lá e pra cá. um aqui outro acolá. caminhos. viva sem descansar. são sete e quarenta e começo.

passaram uns. olharam outros. eu, na pequena valsa. sangrava de olhares.

- porque eu acredito nisso? porque eu ínsito nisso? e de novo sempre os olhares. vou até o fim.

curiosos:

- olha, ta tocando mesmo.  - mas ela tem um nariz, o que será que ela quer que eu faça? - você não fala?

continuo o passo.  aproxima um de verde e seu acompanhante desnecessário.

- olha lá, ela está com o batom borrado.  provavelmente ela foi beijada a força.

o mesmo chegou seu rosto mais próximo. AMEAÇA um beijo. virei o rosto. o acompanhante??

- você não ri? conhece a piada do pintinho que não tinha cú? foi peidar e explodiu.

desnecessário.

saíram um pouco de vista, mas continuaram a admirar a menina de sutiã. passaram algumas horas. eu cansei. sentei. perna aberta para continuar. passa um fardado. escrito atrás segurança.

- aqui não é permitido sentar no chão. por favor, sente se em um banco. por favor senhor, da um banco para ela. são as regras.

olhei nos olhos. respirei no fundo. meu útero. esse homem não vai estabelecer nenhuma ordem.  levantei e sentei em cima do salto. alto. ele deu a volta com o banco. colocou o ao meu lado. – quem esse cara pensa que é? pois então, ficarei descalça. e foi o salto alto que ele viu sentado.  meus sapatos descansaram.

em pé.

olhares tortos.

 olhares soltos.

 os olhares delas.
  
os melhores olhares.

aqueles das nossas, sorrindo de canto de lado. sentiam se representadas? foi o que me deixou em pé. mais forte, vitoriosa.  os olhares.

mas também havia aqueles que só viam a carne, a minha exposição. aqueles olhares que me queriam no chão. passa um. visivelmente abandado pela sociedade. n a margem. ele com muletas, sujo, algumas sacolas, apenas um dente na boca, me olhou:  DELÍCIA.

eu não ... é isso?

continuei a ação. cansada, sem energia. mas havia a troca dos olhares amigas. delas. olhares deram força.  em pé. em cima do banco. cansei mais. me rendi. sentei. mas de perna arreganhada. sub?
passadas, passada. cansada. 
uma criança me olhou. 
do outro lado sua mãe sorria. 
parou.
 no fundo a vontade de imitar lá. 
mas seu olhar desconfiado, 
de lado, 
parou, 
me arrepiou. 

subiu um monte de gente! ao lado. um aplaudia e meio que gritava: - linda.  depois outro apareceu: -  ta tocando.  ai eu tenho medo disso, já fiz ballet.continuei. 

paro quando?  - posso tirar foto? as fotos ficaram lindas.   
que performance linda. 
olha ela, linda.
 borrada, linda. 
sentada, linda. 
calada, linda. 
olha ela... ta protestando, linda. 
é... a sina? 

por favor, peço que exercite outros adjetivos, coloquem sujeitos... imaginem um objeto...e descrevam o predicado.

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