Eu indico: Feminismo em comum – para todas, todes
e todas. Marcia Tiburi
O
feminismo como um contradispositivo
Me chamo Keila
Assis, tenho 24 anos de vivências que nunca interessaram a ninguém, além de eu
mesma, conheço muitas outras mulheres que podem dizer o mesmo do desinteresse
em suas vidas, e essa realidade conjunta é histórica. Nunca houve na história a
oportunidade das mulheres falarem de si. Contudo, isso vem mudando com o avanço
do feminismo, já não falarão sobre, já não falarão por, e sim escutarão nós
mulheres falando de NÓS. Neste livro feminismo em comum – para todAs, todEs e
todOs de Marcia Tiburi, lido e debatido pelas NINFEIAS neste semestre de 2019.
Ficou evidente através da escolha narrativa da autora, e pela suas colocações a
necessidade de falarmos de nós. O feminismo como uma teoria crítica,
contrapõe-se ao patriarcado uma teoria tradicional, dando voz aquelas que
tradicionalmente foram silenciadas, ele nos permite biografias de nós e
constrói novas realidades que beneficiam não somente pessoas de xota.
Quando a
autora define o feminismo como uma teoria crítica, e o patriarcado uma teoria
tradicional, podemos entender no decorrer da leitura que está CRITICA é
direcionada a tal TRADIÇÃO. Afinal, o patriarcado se alicerça em pilares tradicionalistas
que não estão dispostos a rever privilégios. O machismo age na sociedade de
forma MISOGINA com as mulheres, crentes em uma “força” masculina necessária
para sobrevivência da raça humana, realidade deixada na era paleolítica. O feminismo,
no mínimo, tá falando para os homens que de caça e coleta a modernidade não se
sustenta mais, pois está encontrou outros meios de organizar a sociedade e
mantê-la viva, eles não precisam mais adentrar florestas e caçar comida,
precisam no mínimo ter inteligência para ir ao supermercado. O mercado de
trabalho, ao manter um imaginário onde o homem é mais valorizado que a mulher,
ajuda cada vez mais o machismo a se sustentar por motivos também conhecido, MACHISMO-PATRIARCADO-CAPITALISMO,
a tríade da crueldade política social.
O
feminismo, como um contradispositivo, está ligado diretamente à está tríade
fálica. Tiburi usa a conceituação de Focault para explicar que o poder é um
dispositivo, um arranjo, e o feminismo com sua ideologia revolucionaria é nada
mais que um contradispositivo. Sabemos bem quem segura as bolas do poder para
manutenção de suas necessidades fisiológicas, fisiológicas? O belo, recatado e
do lar homem branco tem tanta fome de poder que não aceita o movimento da
mulher e, quando estas ousaram interseccionalizar a luta e falar da MULHER
NEGRA, que é quem segura nas costas a pirâmide que mantem o “recatado” com
poder, foi realmente uma afronta. O machismo irá ver o feminismo como o OUTRO dele
mesmo e por isso é compreensível tanto medo. Contudo, o feminismo não é e não
poderia ser o outro do machismo, pois na verdade o movimento da mulher é
baseado em algo que o machismo desconhece, DIÁLOGO.
O
feminismo irá criar espaços de democracia verdadeiros, aqueles baseados em
consenso, não em maioria. A autora explica que o termo “MULHER” é uma marcação
do patriarcado uma construção de gênero, que dita o que é ser mulher e quem é
mulher. A democracia que vivemos hoje é baseada em “a maioria vence”, mas se
fosse verdade as mulheres estariam ganhando a muito tempo. Percebendo a
exclusão que gera está forma de entendimento de democracia queremos espaços
onde a política da escuta realmente funcione, onde as MULHERES em todos seus
colorismo, com ou sem xota, pessoas que se identifiquem com a ressignificação
do termo mulher, se escutem, e entendam a diversidade da realidade de cada uma
e a partir de então lutem juntas. O movimento das mulheres como já diz o nome
do livro é PARA TODAS, TODES, TODOS, uma luta comum onde todas as minoria
politicas tenham direitos iguais. Não falem sobre nós, façam melhor, convidem
para falar nós mesmas, pois estamos prontas para nos incluir e revolucionar a
história.