tag:blogger.com,1999:blog-56125987305333571292024-03-20T12:12:32.359-07:00NINFEIAS - Núcleo de INvestigações FEminIstASdesde outubro de 2013.
*
*
"saudamos as mulheres fortes. que nós as conheçamos. que nós sejamos elas. que nós as criemos".Nina Caetanohttp://www.blogger.com/profile/10015103437944689081noreply@blogger.comBlogger38125tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-76222707110556059202019-04-13T05:51:00.000-07:002019-04-13T05:51:22.030-07:00<br />
<div class="MsoNoSpacing">
<b><u>Eu indico</u>: </b><u>Feminismo em comum – para todas, todes
e todas. Marcia Tiburi </u><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 2;"> </span>O
feminismo como um contradispositivo<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Me chamo Keila
Assis, tenho 24 anos de vivências que nunca interessaram a ninguém, além de eu
mesma, conheço muitas outras mulheres que podem dizer o mesmo do desinteresse
em suas vidas, e essa realidade conjunta é histórica. Nunca houve na história a
oportunidade das mulheres falarem de si. Contudo, isso vem mudando com o avanço
do feminismo, já não falarão sobre, já não falarão por, e sim escutarão nós
mulheres falando de NÓS. Neste livro feminismo em comum – para todAs, todEs e
todOs de Marcia Tiburi, lido e debatido pelas NINFEIAS neste semestre de 2019.
Ficou evidente através da escolha narrativa da autora, e pela suas colocações a
necessidade de falarmos de nós. O feminismo como uma teoria crítica,
contrapõe-se ao patriarcado uma teoria tradicional, dando voz aquelas que
tradicionalmente foram silenciadas, ele nos permite biografias de nós e
constrói novas realidades que beneficiam não somente pessoas de xota.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Quando a
autora define o feminismo como uma teoria crítica, e o patriarcado uma teoria
tradicional, podemos entender no decorrer da leitura que está CRITICA é
direcionada a tal TRADIÇÃO. Afinal, o patriarcado se alicerça em pilares tradicionalistas
que não estão dispostos a rever privilégios. O machismo age na sociedade de
forma MISOGINA com as mulheres, crentes em uma “força” masculina necessária
para sobrevivência da raça humana, realidade deixada na era paleolítica. O feminismo,
no mínimo, tá falando para os homens que de caça e coleta a modernidade não se
sustenta mais, pois está encontrou outros meios de organizar a sociedade e
mantê-la viva, eles não precisam mais adentrar florestas e caçar comida,
precisam no mínimo ter inteligência para ir ao supermercado. O mercado de
trabalho, ao manter um imaginário onde o homem é mais valorizado que a mulher,
ajuda cada vez mais o machismo a se sustentar por motivos também conhecido, MACHISMO-PATRIARCADO-CAPITALISMO,
a tríade da crueldade política social.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O
feminismo, como um contradispositivo, está ligado diretamente à está tríade
fálica. Tiburi usa a conceituação de Focault para explicar que o poder é um
dispositivo, um arranjo, e o feminismo com sua ideologia revolucionaria é nada
mais que um contradispositivo. Sabemos bem quem segura as bolas do poder para
manutenção de suas necessidades fisiológicas, fisiológicas? O belo, recatado e
do lar homem branco tem tanta fome de poder que não aceita o movimento da
mulher e, quando estas ousaram interseccionalizar a luta e falar da MULHER
NEGRA, que é quem segura nas costas a pirâmide que mantem o “recatado” com
poder, foi realmente uma afronta. O machismo irá ver o feminismo como o OUTRO dele
mesmo e por isso é compreensível tanto medo. Contudo, o feminismo não é e não
poderia ser o outro do machismo, pois na verdade o movimento da mulher é
baseado em algo que o machismo desconhece, DIÁLOGO.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O
feminismo irá criar espaços de democracia verdadeiros, aqueles baseados em
consenso, não em maioria. A autora explica que o termo “MULHER” é uma marcação
do patriarcado uma construção de gênero, que dita o que é ser mulher e quem é
mulher. A democracia que vivemos hoje é baseada em “a maioria vence”, mas se
fosse verdade as mulheres estariam ganhando a muito tempo. Percebendo a
exclusão que gera está forma de entendimento de democracia queremos espaços
onde a política da escuta realmente funcione, onde as MULHERES em todos seus
colorismo, com ou sem xota, pessoas que se identifiquem com a ressignificação
do termo mulher, se escutem, e entendam a diversidade da realidade de cada uma
e a partir de então lutem juntas. O movimento das mulheres como já diz o nome
do livro é PARA TODAS, TODES, TODOS, uma luta comum onde todas as minoria
politicas tenham direitos iguais. Não falem sobre nós, façam melhor, convidem
para falar nós mesmas, pois estamos prontas para nos incluir e revolucionar a
história.<o:p></o:p></div>
<br />Keila Assishttp://www.blogger.com/profile/14931922550814469284noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-77410656854456468382018-02-24T09:05:00.000-08:002018-02-24T14:28:40.226-08:00Músicas Machistas, Cultura do Estupro e Empoderamento de Mulheres<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Sempre tiveram músicas machistas, né? Não somente no funk ou em outros gêneros originalmente periféricos, como o samba em sua raiz. Mas também na bossa nova, nas músicas tradicionais e no rock, nacional e estrangeiro. Vou me ater a tratar aqui da música brasileira, que é do contexto em que vivo e, via de regra, a música que, como DJ, toco.</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">E quando falo de distinção de graus de machismo, não é pra justificar o machismo, dizendo que é isso mesmo, que a música reflete o seu tempo... sim, óbvio. Então a gente vai ter “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=uw-p-6PbBaY" target="_blank">Ai que saudades da Amélia</a></b>”, que é machista pra caramba: ela pensa a mulher dentro da dicotomia santa/puta e também em uma mulher domesticada como o ideal feminino. Mas é bem diferente, ainda, de uma música como "<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=0UAgn1WM2z8" target="_blank">Mulher Indigesta</a></b>" (Noel Rosa) – "<i>Mas que mulher indigesta, indigesta! /Merece um tijolo na testa</i>" – ou do samba de roda “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=hRKRSqO1XTc" target="_blank">Se essa mulher fosse minha</a></b>”: "<i>Se essa mulher fosse minha / Eu tirava do samba já, já / Dava uma surra nela / Que ela gritava: Chega / Chega / Oh meu amor / Eu vou-me embora da roda de samba eu vou</i>"... </span><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No segundo caso, não há nem implícito. A(s) música(s) incita(m) diretamente a violência.</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A mais recente polêmica é com o funk “<b>Surubinha de leve</b>”**, do MC Diguinho. Sempre fico um pouco cabreira com a crítica ao funk, porque às vezes percebo que tá misturado também um lugar de classe e de raça, sabe? Mas não tem como negar que essa música tem uma letra violenta, que incita ao estupro né? Penso que a cultura do estupro não tá só aí não, acho que está também na ideia geral da mulher como propriedade e objeto, o que pode levar, inclusive, a outras violências como feminicídio. Também está na sexualização precoce de meninos que já aprendem, ainda crianças, a ver mulher como pedaço de carne, o que é evidenciado muito bem no clipe do MC Doguinha (“<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=4tIApGWV3G0" target="_blank">Vamos Fazer Sacanagem</a></b>”). Mas se vamos falar de funk, a gente precisa olhar o outro lado também, quando a mulher assume controle da sua sexualidade e do seu desejo.</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Posso citar as clássicas “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=sNLZRWXy7T4" target="_blank">A porra da buceta é minha</a></b>” (Deise Tigrona), “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=GXZ9cEI48fM" target="_blank">Larguei do meu marido virei puta</a></b>” (Gaiola das Popozudas) e “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=PDoYWTwPleA" target="_blank">Estaladinha</a></b>” (Mulher Filé), além das músicas da dona do meu set, MC Carol: “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=vPh-GPz2rWs" target="_blank">Meu namorado é o maior otário</a></b>” ou “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=qNXISTPvrro" target="_blank">Propaganda enganosa</a></b>”. Ah, sem contar “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=W05v0B59K5s" target="_blank">100% Feminista</a></b>”, que a maravilhosa divide com Karol Conká. Ainda no funk, gosto de citar MC Jessica, por causa da resposta bem paródia a um pagodão dos anos 90 (do grupo Só pra Contrariar): “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=5EAxyfza3ck" target="_blank">Tô fazendo amor com a favela toda</a></b>”!</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Tem muito moralismo classe média (com dificuldade em compreender uma linguagem periférica) que confunde isso com objetificação da mulher. No meu entendimento, é muito diferente a mulher dizer o que gosta e o que quer, e se afirmar como dona de seu corpo, e essa ideia da mulher como objeto, inclusive do lar, coisa que está na música brasileira não é de hoje. Basta ouvir um samba como “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=c2VeUDJCsEA" target="_blank">Minha Nega Na Janela</a></b>” (Germano Mathias, 1957) – que, além de tudo, é racista: "<i>Minha nega na janela/ Diz que está tirando linha / Êta nega tu é feia / Que parece macaquinha / Olhei pra ela e disse / Vai já pra cozinha / Dei um murro nela / E joguei ela dentro da pia / quem foi que disse que essa nega não cabia?</i>" – ou, mais recentemente, “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=dwSNd6HH8gI" target="_blank">Mulher não manda em homem</a></b>” do grupo de pagode Vou pro Sereno, pra perceber isso.</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Esse processo de objetificação da mulher em nossa cultura patriarcal – em que ela é percebida como “propriedade” masculina – conduz à ideia de que o homem tem direito de dispor dela como quiser e, não somente abusar dela ou agredi-la sexualmente, mas também agredi-la fisicamente, espancá-la e, inclusive, exterminá-la, caso a mulher não “corresponda” ao seu “amor” ou às suas vontades.</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">É o que expressam músicas como “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=AcbhQ7tD2xY" target="_blank">Se te agarro com outro te mato</a></b>” (Sidney Magal, 1977) ou, ainda, o samba “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=7YaHP3u4UK4" target="_blank">Faixa Amarela</a></b>”, cantado tranquilamente por Zeca Pagodinho: “<i>Sem falar na tal faixa amarela/ Bordada com o nome dela/ Que eu vou mandar pendurar/ Na entrada da favela/ Mas se ela vacilar, vou dar um castigo nela/ Vou lhe dar uma banda de frente/ Quebrar cinco dentes e quatro costelas/ Vou pegar a tal faixa amarela/ Gravada com o nome dela/ E mandar incendiar/ Na entrada da favela</i>”.</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Preocupantes também são músicas como “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=PnAMEe0GGG8" target="_blank">Vida de Balada</a></b>”, da dupla sertaneja Henrique e Juliano, que romantiza relações abusivas, perseguição, em que a vontade e a escolha da mulher não importam: "<i>Tô a fim de você/ E se não tiver, você vai ter que ficar/ Eu vim acabar com essa sua vidinha de balada/ E dar outro gosto pra essa sua boca de ressaca/ Vai namorar comigo, sim!/ Vai por mim, igual nós dois não tem/ Se reclamar, ce vai casar também</i>”. Ou a criminosa "<b>Noiva-cadáver</b>"***, que romantiza o feminicídio em um país em que são mortas cerca de 15 mulheres por dia, 70% assassinadas por homens que diziam amá-las. Enfim, eu poderia citar ainda inúmeras outras, desde a coisificante e violenta canção infantil “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=ggCS1GA9yW0" target="_blank">Maria Chiquinha</a></b>” (cantada pela dupla Sandy & Júnior, ainda crianças) até as músicas do <b>Raimundos</b> (tem mais de uma) ou do <b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=lTgPTCVOi6k" target="_blank">Velhas Virgens</a></b>: a lista é infinita!</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Mas é porque, precisamente, a música reflete o seu tempo, e isso significa também mudança, transformação, evolução, é que a gente tem, hoje em dia, rappers como <b>Criolo</b> e <b>Mano Brown</b> rediscutindo músicas machistas que compuseram há poucos anos atrás, refazendo letras.</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Mas é óbvio (pelo menos pra mim) que eles não estão fazendo isso à toa ou porque são “bonzinhos”. É principalmente porque estão sendo questionados, colocados em xeque. Porque a mulherada não tá aceitando mais: estamos criticando e reivindicando outros olhares sobre nós e nossos corpos. Basta! Não queremos mais continuar sendo mortas, abusadas, agredidas!</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">É também por isso, porque a música reflete o seu tempo, que penso que a gente precisa prestar mais (muita) atenção na produção musical de mulheres. É ato de resistência! Seja produzindo música – sem que, necessariamente, esteja se pensando em uma agenda feminista – seja assumindo, em suas letras, posições de denúncia e de confronto deste machismo tão arraigado em nossa cultura.</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No rap, por exemplo, temos muitas mulheres fodas, desde a ativista feminista Luana Hansen – que fez “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=WdN8HjEd6w8" target="_blank">Minha xota te ama</a></b>”, uma versão lésbica genial do funk “Deu onda” – até a rapper mais pop do Brasil, Karol Conká, com o hino “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=t_veXiDyQvU" target="_blank">Lalá</a></b>”, em que critica o pouco cuidado masculino com o sexo oral e com o prazer da mulher. Tem ainda <b>Rimas & Melodias</b> e, em Belo Horizonte, temos <b>Tamara Franklin</b>, <b>Zaika dos Santos</b>,<b> Sarah Guedes</b>, só pra citar algumas das que mais admiro.</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Mas também no coco, no samba, na MPB de um modo geral, no rock, temos mulheres que tão propondo a diferença. <b>Aíla</b>, <b>Letrux</b>, <b>Karina Buhr</b>, <b>Alessandra Leão, Larissa Luz</b>, <b>Pitty</b>... E não posso deixar de citar a gloriosa rainha <b>Elza Soares</b> – resistência na vida! – com o hino feminista, “<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=Kk9Msq05SRM" target="_blank">Maria da Vila Matilde</a></b>”, do fodástico álbum <i>Mulher do Fim do Mundo</i> (eleito pelo <i>New York Times</i> como um dos 10 melhores álbuns de 2016).</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Só para dar um último exemplo, vou lembrar de um coco lindo de D. Aurinha, "<b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=wxP7QTfYoZw" target="_blank">Seu Grito</a></b>", que denuncia um feminicídio. Ele fala assim: "<i>Seu grito silenciou/ lá no alto em Olinda/ era uma mulher tão linda/ que a natureza criou./// Ela foi morta/ no meio da madrugada/ com um tiro de espingarda/ pela mão do seu amor./// Fico orando/ a Deus peço clemência/ com toda essa violência/ o mundo vai se acabar./// Moro em Olinda/ canto coco com amor/ luto contra a violência/ porque mulher também sou./// Eu sou guerreira mulher/ mulher guerreira eu sou/ eu canto coco em Olinda/ e canto com muito amor</i>."</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large; white-space: pre;">Quero terminar meu texto com esse coco que eu amo, por causa da </span><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large; white-space: pre;">afirmação</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large; white-space: pre;">de D. Aurinha: luto </span><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large; white-space: pre;">contra a violência porque </span><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large; white-space: pre;">mulher </span><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large; white-space: pre;">também sou. </span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><span style="white-space: pre;">Somos mulheres e e</span>stamos produzindo música. Escutem-nos.</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Quem quiser ouvir mais e conhecer com calma outras mulheres fodas, tem as minhas playlists feministas no soundcloud, <a href="https://soundcloud.com/you/tracks" target="_blank"><b>DJ</b> <b>Shaitemi Muganga</b></a>.</span></span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">**Após denúncias de que "Surubinha de Leve" fazia apologia ao estupro, a música foi retirada da web, por isso a ausência de link.</span></span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">***Após denúncias, o vídeo foi removido do youtube pelo compositor de Noiva-Cadáver, Rafa Kamaitachi.</span><br />
<br />Nina Caetanohttp://www.blogger.com/profile/10015103437944689081noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-59291507388600224552018-02-17T16:56:00.000-08:002018-02-24T10:22:32.444-08:00Entrevista para o Programa Conexão - Canal Futuraedit: [entrevista preparatória para o programa "<b><a href="http://www.futuraplay.org/video/empoderamento-feminino-e-cultura-do-estupro-na-musica/408417/" target="_blank">Empoderamento Feminino e cultura do estupro na música</a></b>", que foi ao ar no dia 22/02/2018)<br />
<br />
1)<span style="white-space: pre;"> </span>O que é o NINFEIAS?<br />
O NINFEIAS é um Núcleo de INvestigações FEminIstAS que coordeno, desde 2013, em Ouro Preto e que pesquisa as relações entre performance e feminismo. O núcleo é ligado à UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto, por meio da minha atuação junto ao PPGAC – Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas do qual sou professora.<br />
Atualmente pertencem ao NINFEIAS, além de mim, Carol Reis, Karla Ribeiro, Lívia Maria (estudantes do Curso de Artes Cênicas) e Mayra Pietrantonio (estudante de Museologia). A gente vem criando experimentos cênico-performativos livremente inspirados na obra “Monólogos da Vagina”, além de atuar junto à comunidade ouro-pretana por meio de várias ações extensionistas, que vão desde oficinas de Educação pela Igualdade (ministradas a profissionais da educação e estudantes da rede pública da cidade) até rodas de conversa sobre Cultura do Estupro, que ocorrem em diversos lugares, para diferentes públicos. Fazemos também semanas temáticas, como a semana AfroFeminista – que realizamos de 20 a 25 de novembro de 2017 e teve como tema principal o protagonismo da mulher negra – e sessões de cinema, entre outras atividades.<br />
<br />
2)<span style="white-space: pre;"> </span>Como surgiu essa criação, essa ideia?<br />
Desde 2008 que pesquiso, em Belo Horizonte, essa relação entre performance e feminismo (junto ao obsCENA – agrupamento independente de pesquisa cênica). Em 2011, após a finalização do meu doutorado, retorno a Ouro Preto com muito desejo de aproximar essa investigação da realidade da cidade, extremamente conservadora e patriarcal. Então, juntei-me a outra pesquisadora – Thaiz Cantasini, artista fenomenal e educadora – e fundamos o NINFEIAS com o intuito de agregar outras mulheres que tivessem interesse em pensar ações de combate à violência que diariamente sofremos.<br />
<br />
3)<span style="white-space: pre;"> </span>Nossa pauta surgiu a partir da discussão sobre a música "surubinha de leve". Como você recebeu essa música?<br />
Então... Sempre tivemos músicas machistas no Brasil... São reflexo de nossas realidades sociais, do modo como nossa cultura vê a mulher. E isso, evidentemente, não somente no funk ou somente em gêneros populares, como o samba em sua raiz. Mas também na MPB e no rock, nacional e estrangeiro.<br />
Sempre fico um pouco cabreira com a crítica ao funk, porque às vezes tá misturado também um lugar de classe e de raça, sabe? Mas não tem como negar que essa música tem uma letra violenta, que incita à violência né? Penso que a cultura do estupro não tá só aí, acho que tá na ideia geral da mulher como propriedade e objeto, o que pode gerar, inclusive, outras violências como feminicídio. Acho que tá também na sexualização precoce de meninos, que já aprendem ainda crianças e ver mulher como pedaço de carne, o que evidencia muito bem o clipe do mc Doguinha.<br />
Mas se vamos falar de funk, a gente precisa olhar o outro lado também, quando a mulher assume controle da sua sexualidade e do seu desejo. E, nesse sentido, eu poderia citar várias mulheres e músicas que fazem parte deste contraponto: “<a href="https://www.youtube.com/watch?v=sNLZRWXy7T4" target="_blank">A porra da buceta é minha</a>” (Deise Tigrona), “<a href="https://www.youtube.com/watch?v=GXZ9cEI48fM" target="_blank">Larguei meu marido virei puta</a>” (Gaiola das Popozudas) e “<a href="https://www.youtube.com/watch?v=PDoYWTwPleA" target="_blank">Estaladinha</a>” (Mulher Filé), além das músicas da rainha do meu set, Mc Carol: “<a href="https://www.youtube.com/watch?v=vPh-GPz2rWs" target="_blank">Meu namorado é o maior otário</a>” ou “<a href="https://www.youtube.com/watch?v=qNXISTPvrro" target="_blank">Propaganda enganosa</a>”. Gosto de citar também a MC Jessica, por causa da resposta bem paródia a um pagodão dos anos 90 (do grupo Só pra contrariar): “<a href="https://www.youtube.com/watch?v=5EAxyfza3ck" target="_blank">Tô fazendo amor com a favela toda</a>”!<br />
<br />
4)<span style="white-space: pre;"> </span>Esse movimento de mulheres que cantam e escrevem letras sobre o empoderamento feminino é algo novo ou sempre existiu? Porque lembramos de músicas feitas por antigas mulheres que falavam de família, amor etc... Hoje, as letras falam mais sobre o empoderamento, como no caso da música da Lila que fala "não é não". É algo atual?<br />
Eu diria que a gente conhece pouco ainda a produção feminina, ela ainda é pouco valorizada, embora tenhamos mulheres compondo e cantando músicas há décadas... Faz parte da minha pesquisa o que chamo de “discotecagem feminista”, em que procuro conhecer e tocar músicas de mulheres. Pra mim, mulher fazendo música já é um ato de resistência – ainda que não estejam, necessariamente, pensando em uma agenda feminista. Mas muitas vezes, as mulheres estão assumindo, em suas letras, posições de denúncia e de confronto deste machismo tão arraigado em nossa cultura.<br />
No rap, por exemplo, temos muitas mulheres fodas, desde a ativista feminista Luana Hansen – que fez uma <a href="https://www.youtube.com/watch?v=WdN8HjEd6w8" target="_blank">versão lésbica</a> genial do funk “Deu onda” – até a rapper mais pop do Brasil, Karol Conká, com o hino “<a href="https://www.youtube.com/watch?v=t_veXiDyQvU" target="_blank">Lalá</a>”, em que critica o pouco cuidado masculino com o prazer sexual da mulher. Tem ainda Rimas & Melodias e, em Belo Horizonte, temos a Tamara Franklin, a Zaika dos Santos, Sarah Guedes, só pra citar algumas das que mais admiro.<br />
Mas também no coco, no samba, na MPB, temos mulheres que tão propondo a diferença. Aíla, Letrux, a dona da porra toda e também do meu coração, Elza Soares.... Só pra dar um último exemplo, vou lembrar de um coco lindo, que eu amo, da D. Aurinha do Coco. Esse coco, “<a href="https://www.youtube.com/watch?v=wxP7QTfYoZw" target="_blank">Seu Grito</a>”, denuncia um feminicídio. Ele fala assim: Seu grito silenciou/ lá no alto em Olinda/ era uma mulher tão linda/ que a natureza criou./// Ela foi morta/ no meio da madrugada/ com um tiro de espingarda/ pela mão do seu amor./// Fico orando/ a Deus peço clemência/ com toda essa violência/ o mundo vai se acabar./// Moro em Olinda/ canto coco com amor/ luto contra a violência/ porque mulher também sou./// Eu sou guerreira mulher/ mulher guerreira eu sou/ eu canto coco em Olinda/ e canto com muito amor."<br />
Quem quiser ouvir mais e conhecer com calma outras mulheres fodas, tem os meus setlist no soundcloud,<span style="background-color: white;"> </span><span style="color: black;"><a href="https://soundcloud.com/caetano-nina" style="background-color: white;" target="_blank">DJ Shaitemi Muganga</a>:</span> .<br />
<div>
<br /></div>
Nina Caetanohttp://www.blogger.com/profile/10015103437944689081noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-22770205758435232082017-08-15T13:51:00.001-07:002017-08-15T14:55:29.072-07:00manifesto IUma vida sem sentido.<br />
Um corpo para ter, absorver a imagem que TE mandam exercer. - não! não gritou.<br />
<br />
<br />
~~~~Como eu saio daqui? Estou presa a essa única forma de ser humano.<br />
Sou vendada e vendida, como qualquer alfinete que costura os pontos rompidos do meu sofrimento- - -<br />
-<br />
- -<br />
- - -<br />
- - - -<br />
- Não quero ser e estar nessa estrutura.tô sangrando por não ter escolhas e são ELAS TODAS IGUAIS. As MESMAS que cobrem seu corpo pra não revelarem seus sentidos.<br />
- - - - - - - mas sua alma grita LIBERTE-SE!<br />
<br />
Quebre essas correntes que te querem dominar e seja livre IGUAL UM PÁSSARO, QUE VOA!<br />
E faz desse voo a sua história... aquilo que quer ser.<br />
<br />
Sangre por aquilo<br />
que vale a pena.<br />
Capaz você é<br />
de gerar um ser<br />
e você está nessa mercê.<br />
<br />
Caminho trilhando a loucura da dor de saber que é mais um, nesse caminho a sofrer. Uma estrada onde me colocam para caminhar de joelhos. levantei. eu e você. meu ser, andaremos em pé.<br />
<br />
Carolina Reis<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-ocVZXK_IZg4/WZNgNGsjdAI/AAAAAAAABMg/L-Hgyl9wSxY1eBgVozrbt5GK_4gOUmW8gCLcBGAs/s1600/rosana%2Bpaulina.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="438" data-original-width="449" height="312" src="https://2.bp.blogspot.com/-ocVZXK_IZg4/WZNgNGsjdAI/AAAAAAAABMg/L-Hgyl9wSxY1eBgVozrbt5GK_4gOUmW8gCLcBGAs/s320/rosana%2Bpaulina.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Imagem: Rosana Paulina - Série Bastidores, 1997.Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-49741321715660520762017-07-11T16:21:00.001-07:002017-07-11T16:24:25.323-07:00Vagina, um codinome. estava molhada.<br />
na sala um cheiro de óleo de lavanda. caminhei diante dos teus olhos. ela percorreu com seus dedos pequenos a minha barriga, com suas unhas grandes, arranhou minha vulva quente.<br />
teus olhos continuavam a me perseguir, parecia um jogo sem fim.<br />
quando ela ameaçou sua língua contra pêlos, d'eu. gemi alto.<br />
trouxe os dentes, num singular gesto, mordeu com tanta doçura meus lábios febris.<br />
- qual o nome?<br />
fiquei desconcentrada. - como assim? que nome?<br />
- quero chama lá como se fosse uma pérola, ou uma comida para envolver toda a língua, nesse leite que escorre pra mim. vai.. me diz! como posso chamar tua buceta?<br />
ri. comecei a ri, é claro! era a noite, ouvia as músicas mais sexy da gal costa. mas ao mesmo tempo ela trazia no olhar uma condução, quando perguntava para mim qual era o nome da minha vagina. e ao mesmo tempo me deixava sem graça... um nome para minha vagina? era isso? um nome?<br />
- chama de vavá, vai! - ou gina, aquela que prende teu petisco.<br />
- pode chamar também, de ná! ou não chama... sente ela comigo.<br />
<br />
daniela maia<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-HZpDDTYAotc/WWVdqX23xGI/AAAAAAAABLQ/NYlL7XkAAEkoYeGKZgh30aZdJARKFbvmwCLcBGAs/s1600/vagina-nomes-vulva-347376596.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="350" data-original-width="630" height="220" src="https://3.bp.blogspot.com/-HZpDDTYAotc/WWVdqX23xGI/AAAAAAAABLQ/NYlL7XkAAEkoYeGKZgh30aZdJARKFbvmwCLcBGAs/s400/vagina-nomes-vulva-347376596.jpg" width="400" /></a></div>
<br />Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-84788547243661860352017-07-05T10:01:00.003-07:002017-07-05T17:07:58.063-07:00minha vagina é um animalminha vagina é um animal que sangra todo mês e não morre.<br />
minha vagina é uma vaca sagrada que alimenta com seu leite os infiéis.<br />
uma cadela domesticada que abana o rabo quando lhe fazem carinho.<br />
minha vagina é um animal tímido, que se esconde na toca ao menor ruído.<br />
minha vagina é arisca.<br />
minha vagina é lânguida e se alonga como um gato sob o sol.<br />
mas, por dentro, é uma onça brava.<br />
minha vagina voa livre e orgulhosa, altiva como uma ave.<br />
minha vagina é uma pomba da paz em meio à guerra dos mundos.<br />
minha vagina cavalga e escoiceia, impetuosa.<br />
minha vagina cheira a suor quando está no meio de suas pernas.<br />
minha vagina é um peixe que desliza suavemente em suas águas.<br />
suas escamas brilham entre as pedras.<br />
minha vagina tem dentes e língua. minha vagina lambe e morde.<br />
minha vagina é um animal selvagem.<br />
minha vagina não aceita coleira nem voz de comando.<br />
minha vagina é um animal perigoso. tocá-la é a morte para você.<br />
minha vagina é um cão de três cabeças: a primeira expele fogo, a segunda gelo, e a terceira veneno.<br />
minha vagina é um monstro, metade mulher, metade bicho.<br />
minha vagina pode matar.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiqnndBCFHlr6RJ9K7NlYfOq-BXh8CTnJrezJRL-O4OGT1dX8hM6o7oaKw33VTjx4HlQCZjJ3i7llLC3rzjOLX3elvQt7_DHAWjIMsKDwiz96MXHEtiHCy1BJ-xsPdEC5wKQ8WKQoLKF1P/s1600/P_20170704_153159.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="975" data-original-width="1600" height="389" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiqnndBCFHlr6RJ9K7NlYfOq-BXh8CTnJrezJRL-O4OGT1dX8hM6o7oaKw33VTjx4HlQCZjJ3i7llLC3rzjOLX3elvQt7_DHAWjIMsKDwiz96MXHEtiHCy1BJ-xsPdEC5wKQ8WKQoLKF1P/s640/P_20170704_153159.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
exercício de criação textual de Nina Caetano<br />
experimento cênico-performativo Monólogos da Vagina<br />
com Karla Ribeiro, Lívia Maria, Mara Reis e Mayra Pietrantonio.<br />
<br />
<br />Nina Caetanohttp://www.blogger.com/profile/10015103437944689081noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-56237850097229413852017-07-02T11:49:00.001-07:002017-07-05T17:07:44.414-07:00minha vagina é um chocolate meio amargo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqw2aCSkrq_W2SOilrcx_DCv_Tcp0F27cLHkcLm5vVEtSSl-JsFIX-zbjSIWZpKdPh_v_opyXB40YsFsOT3NyRTZ6jNFJdVJERAER6PvxEZCoIsRM1qGflT9q0R6NuYILPYzJx92oplosh/s1600/19668238_1663275187035613_980277275_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqw2aCSkrq_W2SOilrcx_DCv_Tcp0F27cLHkcLm5vVEtSSl-JsFIX-zbjSIWZpKdPh_v_opyXB40YsFsOT3NyRTZ6jNFJdVJERAER6PvxEZCoIsRM1qGflT9q0R6NuYILPYzJx92oplosh/s320/19668238_1663275187035613_980277275_n.jpg" width="256" /></a>minha vagina não é doce<br />
e não se derrete fácil<br />
embora seja vulnerável a altas temperaturas.<br />
neste caso, se aquecida,<br />
fica logo molinha<br />
e solta aromas pela casa.<br />
se aquecida,<br />
ela escorre e lambuza<br />
deixando um gosto forte em sua boca.<br />
minha vagina é um chocolate meio amargo<br />
que vai bem com sabores ácidos<br />
e línguas ferinasNina Caetanohttp://www.blogger.com/profile/10015103437944689081noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-56567127853330250412017-06-28T15:46:00.002-07:002017-06-29T13:18:43.370-07:00minha vagina sente<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9gULb7sGtVElJ3MGKrW3UEoZk4krpoGpJaPAIc4RC3IZxXj-hKqELLgGZ4UOXKzjAzNKmiBw7TYCTpX7SLDyiG_0W6w-reBBwMEBUH9XjyspzptzMdHPmbHYdOhcekoZlVGHmUpyK8FZE/s1600/04ee5828146552df90b66017f7314b1f.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="560" data-original-width="385" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9gULb7sGtVElJ3MGKrW3UEoZk4krpoGpJaPAIc4RC3IZxXj-hKqELLgGZ4UOXKzjAzNKmiBw7TYCTpX7SLDyiG_0W6w-reBBwMEBUH9XjyspzptzMdHPmbHYdOhcekoZlVGHmUpyK8FZE/s320/04ee5828146552df90b66017f7314b1f.jpg" width="220" /></a>minha vagina sente<br />
espasmos calor frio<br />
calafrios<br />
minha vagina sente(-se)<br />
em arroubos e contrações involuntárias<br />
minha vagina sente o tesão crescer<br />
em descargas elétricas<br />
estremecimentos<br />
minha vagina sente sem querer.<br />
ela se alonga, preguiçosa<br />
ao sentir o dedo em suas bordas<br />
ela geme e grunhe<br />
sente o toque a língua a saliva úmida<br />
ela sente o cheiro de suas axilas<br />
e sorri<br />
minha vagina sente amor<br />
ela sangra<br />
ela escorre e se aprofunda<br />
minha vagina abisma-se em si<br />
invagina-se.Nina Caetanohttp://www.blogger.com/profile/10015103437944689081noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-22408946091193530052017-06-28T14:21:00.002-07:002017-06-29T13:19:00.016-07:00minha vagina é um animal selvagemminha vagina é um animal selvagem,<br />
gata arisca que não se deixa amansar.<br />
precisa chegar devagar, sem querer domar<br />
ela é voraz, inquieta<br />
quer agradar? é só lambê-la toda.<br />
e sem pressa.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNDxOYCVvILSCOONFjIMfvLMolP6-QDyvIQ1RvBncx8Ac671P9XsCSRjh4FkVPBKMQrL1xeUDssFGDtwkwYrP-jFqHR65LaFES5j5ZMfSp4lkHtMJ2NcsH3nmd9XNFfLW0VTNvZxTYB9UA/s1600/butterfly-tattoo-designs.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="508" data-original-width="520" height="312" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNDxOYCVvILSCOONFjIMfvLMolP6-QDyvIQ1RvBncx8Ac671P9XsCSRjh4FkVPBKMQrL1xeUDssFGDtwkwYrP-jFqHR65LaFES5j5ZMfSp4lkHtMJ2NcsH3nmd9XNFfLW0VTNvZxTYB9UA/s320/butterfly-tattoo-designs.jpg" width="320" /></a></div>
<br />Nina Caetanohttp://www.blogger.com/profile/10015103437944689081noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-24957359658177670912017-06-28T13:55:00.003-07:002017-07-05T10:02:06.797-07:00sua vagina tem cheiro de que?sua vagina tem cheiro de que?<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEX75zqgO2A2DW3G9nrd9PqiYNAextPL-KS7UzlRAePBRiIG0vQsRu8nx9_eL05dd8slFvQNiTaD0hMRdxc9ITrn6_6diluVJBcqYFwCNwwFY8hCLce8fpMKwoIvozquLZ35msAsf3TZo4/s1600/vulvas1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="994" data-original-width="1600" height="198" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEX75zqgO2A2DW3G9nrd9PqiYNAextPL-KS7UzlRAePBRiIG0vQsRu8nx9_eL05dd8slFvQNiTaD0hMRdxc9ITrn6_6diluVJBcqYFwCNwwFY8hCLce8fpMKwoIvozquLZ35msAsf3TZo4/s320/vulvas1.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
minha vagina tem cheiro de<br />
<div style="text-align: center;">
vagina</div>
<div style="text-align: center;">
sangue</div>
<div style="text-align: center;">
aloe vera</div>
<div style="text-align: center;">
cachoeira</div>
<div style="text-align: center;">
mar</div>
<div style="text-align: center;">
manjericão</div>
<div style="text-align: center;">
orgasmo</div>
<div style="text-align: center;">
floresta</div>
<div style="text-align: center;">
sal</div>
<div style="text-align: center;">
maconha</div>
<div style="text-align: center;">
segredo</div>
<div style="text-align: center;">
cachaça</div>
<div style="text-align: center;">
perfume de pomba gira (risadas)</div>
<div style="text-align: center;">
(risadas)</div>
<div style="text-align: center;">
chiclete tutti frutti</div>
<div style="text-align: center;">
água benta</div>
<div style="text-align: center;">
champagne com morangos</div>
<div style="text-align: center;">
gasolina (gasolina neles!)</div>
<div style="text-align: center;">
cheiro de choro</div>
<div style="text-align: center;">
de lágrima</div>
<div style="text-align: center;">
de cuspe.</div>
<br />
exercício de criação do experimento cênico-performativo Monólogos da Vagina<br />
com Carolina Reis, Karla Ribeiro, Lívia Maria, Mara Reis e Mayra Pietrantonio.Nina Caetanohttp://www.blogger.com/profile/10015103437944689081noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-12297777444232601242017-06-28T13:43:00.004-07:002017-06-29T13:19:27.086-07:00se sua vagina se vestisse, ela vestiria o que?<br />
se sua vagina se vestisse, ela vestiria o que?<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibKMohHd8WGMLqWMvnBlnX3LYN560DiJ15niWTcvYSpDuxXpkqoR3d7JisKyMVuNaYQnMORbj9oVGyyd3RAPCtbejqEpY_Yq6cSX_xiLBeir-6-Yp7XJRYoO6E0O1lah5QuOub7Obw-xFh/s1600/148788130571245-e1487884713202.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="700" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibKMohHd8WGMLqWMvnBlnX3LYN560DiJ15niWTcvYSpDuxXpkqoR3d7JisKyMVuNaYQnMORbj9oVGyyd3RAPCtbejqEpY_Yq6cSX_xiLBeir-6-Yp7XJRYoO6E0O1lah5QuOub7Obw-xFh/s200/148788130571245-e1487884713202.jpg" width="200" /></a></div>
<br />
se minha vagina se vestisse, ela vestiria <br />
<div style="text-align: center;">
erva de cheiro</div>
<div style="text-align: center;">
terno</div>
<div style="text-align: center;">
pétalas</div>
<div style="text-align: center;">
arame</div>
<div style="text-align: center;">
chave</div>
<div style="text-align: center;">
cortina</div>
<div style="text-align: center;">
renda</div>
<div style="text-align: center;">
chitão</div>
<div style="text-align: center;">
água</div>
<div style="text-align: center;">
ela não ia usar nada</div>
<div style="text-align: center;">
pregador</div>
<div style="text-align: center;">
armadura</div>
<div style="text-align: center;">
barro</div>
<div style="text-align: center;">
guerra</div>
<div style="text-align: center;">
gozo</div>
<div style="text-align: center;">
nuvem</div>
<div style="text-align: center;">
espinho</div>
<div style="text-align: center;">
asas</div>
<div style="text-align: center;">
gripe</div>
<div style="text-align: center;">
cabelo</div>
<br />
exercício de criação do experimento cênico-performativo Monólogos da Vagina<br />
com Carolina Reis, Karla Ribeiro, Lívia Maria, Mara Reis e Mayra Pietrantonio.Nina Caetanohttp://www.blogger.com/profile/10015103437944689081noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-89614646435166656072017-01-09T06:48:00.000-08:002017-01-09T06:50:07.746-08:00Mulher, Performance e Violência<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilXmUAY1060EouvRrlD44YqW-7PIKNswK_MzRjRw2y_eFrX3vbjhkuxhSwqdFHOC8DPa4jftbP04k5_3nN_yjG0xZOlw8o8CCdU7pqTlJtbWDw4_BD7adc1qVepwqxXypHRSmZccH4cfvb/s1600/barbarakruger1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilXmUAY1060EouvRrlD44YqW-7PIKNswK_MzRjRw2y_eFrX3vbjhkuxhSwqdFHOC8DPa4jftbP04k5_3nN_yjG0xZOlw8o8CCdU7pqTlJtbWDw4_BD7adc1qVepwqxXypHRSmZccH4cfvb/s1600/barbarakruger1.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: right;">
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt;"> </span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt;"><br /></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt;">“Seu corpo é um
campo de batalha”</span></div>
</div>
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: right;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[famoso cartaz pró-aborto, concebido pela ativista <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">
</span></div>
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: right;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">feminista estadunidense
Barbara Kruger, em 1989].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Todos os dias, nas
ruas da cidade, mulheres são construídas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mulher princesa. Mulher
boneca. Mulher rosa. Mulher sobremesa. Mulher de cama e mesa. Mulher doce dócil
muda. Mulher morta. Mulher, uma obra em construção: Sorriso. Batom Boca Beijo.
Depiladores hidratantes sutiãs pregadores talheres vassoura gleidy sachê escova
progressiva inteligente. Silicone. Peito. Bunda. Coxa. 100% completa. Como você
gosta. Pronta para consumo imediato. Sarada. Turbinada. Preparada.
Plastificada. Espancada. Esquartejada. Morta. Jogada pros cachorros. na lagoa.
no lixo. Como você gosta?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Desculpe o transtorno,
estamos trabalhando para você.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mulher. Ser humano
do sexo feminino capaz de conceber e gerar outro ser humano e que se distingue
do homem por essa característica. A mulher em relação ao marido. Esposa. Casar.
Amar e respeitar até que a morte os separe. Cuidar. Cozinhar. Limpar. Lavar.
Passar. Sujeitar. Sorrir. Servir bem para servir sempre. Agradar. Transar.
Mesmo sem vontade. Mesmo sem vontade apanhar. Compreender. Apanhar. Perdoar.
Apanhar. Esquecer. Esquecer. Esquecer. Morrer. Mesmo sem vontade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Todos os dias, nas
ruas da cidade, mulheres são destruídas. Destruir. Dar cabo de. Aniquilar.
Ex-terminar. A cada 90 minutos, uma mulher é assassinada no Brasil. 70% das
mulheres mortas no país são vítimas de seus (ex) namorados, noivos, maridos.
10% desses homens são agentes da segurança pública. Amar e proteger. Conceição
de Maria, 43 anos. Morta a socos pelo marido, policial militar reformado.
Osailda, 45 anos, morta por envenenamento. O marido segue em liberdade, assim
como o assassino de Débora Souza, 20 anos, atendente do Maria Bonita de Ouro
Preto. Também em Ouro Preto, Amanda Linhares, 17 anos, foi ex-terminada pelo
ex-namorado, delegado de polícia da cidade. Fernanda Sante Limeira, 35 anos. O
ex-marido apontou a arma e atirou 4 vezes, sem que ela pudesse reagir. Em
Corinto, cidade em que minha mãe foi sistematicamente espancada pelo meu pai
sem que ninguém metesse a colher, Júlia, uma senhora de 80 anos, foi morta pelo
marido. No Sul, Natália, 16 anos, grávida de 3 meses, foi morta pelo namorado com
pelo menos 80 facadas, sem que ela eu você. sem que ninguém reagisse .<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Iniciei
essa conversa tecendo o manifesto que, na performance <i>Espaço do Silêncio</i>, ofereço à leitura de passantes. Alterno esta
ação com o ato de imprimir, em um branco lençol de casal, cruzes vermelhas e,
sob cada uma delas, etiquetas. Cada etiqueta contém o nome de uma mulher vítima
de feminicídio, sua idade, profissão, e localidade em que o crime ocorreu. Além
disso, traz o modo como a mulher foi assassinada e o vínculo que seu assassino
mantinha com ela. Uma cruz vermelha cerra minha boca. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nesse
ritual silencioso com que traço o meu legado de injustiças, cada etiqueta se
transmuta em uma espécie de lápide, construindo “um cemitério simbólico”. Meu olhar é duro, não há condescendência. Pois
cada um de nós precisa se haver com nossa parcela de responsabilidade por estar
no mundo<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">De
fato, sinto que essa ação a cada dia vem cobrar de mim a minha parcela de estar
mergulhada de corpo inteiro neste mundo e de fazer dele minha matéria. Parafraseando
a performer e pesquisadora Eleonora Fabião (2008: 238): não somos nós,
performers, quem, ao evidenciar o corpo, deseja tornar evidente o corpo-mundo? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Espaço do Silêncio</span></i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">
é um gesto de denúncia e de indignação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Aqui,
retomo a expressão da ativista feminista estadunidense Carol Hanisch – “o
pessoal é político” – para tratar dessa espécie
de grito, que sai de dentro do campo de batalha que é o meu corpo. [aqui,
parafraseando outra ativista feminista estadunidense, Barbara Kruger, em seu
famoso cartaz pró-aborto: Seu corpo é um campo de batalha]. De dentro do campo
de batalha que é o meu corpo sai esse grito, o grito de quem sente na carne as
violências decorrentes de uma performance de gênero imposta socialmente. E que,
quando não o sente diretamente, se propõe a ser palco para a voz de outras
tantas mulheres, silenciadas por uma estrutura machista, cruel: seja na forma
de neutralização de nossa voz política, seja na naturalização e romantização de
relações que violam ou aniquilam os nossos corpos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Espaço do Silêncio</span></i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">
é uma performance de rua com cerca de 07 horas de duração. Nesse trabalho,
busco escutar a voz de mulheres que não foram ouvidas em tempo de evitar seu
aniquilamento. Das 365 mulheres que habitam cada lençol que “bordo” em minha
ação, muitas denunciaram as violências que sofriam. Muitas recorreram à
justiça, buscando proteção. Outras se calaram antes, ou foram silenciadas. Suas
vozes, desinvestidas de valor e de poder. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Não,
em um país em que se mata, em média, 13 mulheres por dia<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>, esta não pode mais ser
tratada como uma questão de âmbito estritamente privado, doméstico. Não, essa
não é uma questão pessoal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Constato,
a cada dia, que <i>Espaço do Silêncio</i>,
antes de tudo, me convoca a uma espécie de missão. Qual missão eu ainda tateio,
ainda tateio o que preciso fazer com o que faço. Pois essa performance tem se
revelado muito maior do que eu. Ela tem me revelado dimensões inusitadas e
alcances inesperados. E penso que realizá-la é a minha chance de conhece-la.
Nesse tatear, vou então a alguns fatos, que trago em notas sobre ela:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">1ª
nota: Em 29 de julho deste ano, fui procurada via Messenger por Rosy Souza. Ela
me disse que havia visto, em compartilhamentos do facebook, materiais sobre a
performance. Nesses materiais, o nome de sua tia, Osailda de Sousa Coelho, de
45 anos, assassinada por envenenamento pelo marido, em Dom Expedito Lopes,
Piauí. Rosy me disse que ela havia visto o nome da tia e resolvido me procurar.
Rosy quer justiça, ela luta para que o crime, ocorrido em fevereiro de 2015,
seja julgado como tal e o feminicida – que permanece em liberdade – seja
punido. Ela luta para que o crime não seja esquecido e para que a memória de
sua tia não seja apagada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">2ª
nota: Em 03 de setembro, fui novamente procurada via Messenger. Agora, por uma
atriz e amiga que havia acompanhado, no final de 2015, a mesa de debates
“Feminicídio: o corpo da artista e a fabricação do corpo feminino”, da qual
participei na II Bienal Internacional de Teatro da USP. Na ocasião, tratei desta
ação, <i>Espaço do Silêncio</i>, e Vanessa
Biffon, a minha amiga atriz, tendo vivido recentemente uma perda, lembrou-se de
mim: no final de julho, Fernanda Sante Limeira, a irmã de uma grande amiga dela,
foi assassinada pelo ex-marido e o desejo de Vanessa era que eu fizesse minha
ação também em memória de Fernanda. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">3ª
nota: Em 07 de setembro deste ano, junto ao Grito dos Excluídos, realizei, na
Praça 7, a performance em memória de Fernanda. Nesse dia, durante a realização
da ação, uma mulher, Rita, quis falar comigo: ela queria me dar o nome da irmã,
para que ela também figurasse em meu lençol. A irmã, Maria do Carmo Souza
Galli, foi assassinada pelo marido há mais de 30 anos e ele nunca foi nem
sequer indiciado: o crime foi visto como suicídio, embora um laudo pedido pela
família tenha comprovado que ela foi morta com 02 tiros nas costas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Esses
recentes acontecimentos têm me mostrado que <i>Espaço
do Silêncio</i> não é só um gesto de denúncia e indignação. Não é só um gesto
meu. É também espaço de memória para outras mulheres, um grito que ecoa, que
repercute em outros corpos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Qual a eficácia da ação na cena
contemporânea</span></i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Essa
questão, lançada pela pesquisadora cubana Ileana Diéguez durante o Colóquio
Pensar a Cena Contemporânea, tem sido mote para muitas das discussões e práticas
em torno das possíveis relações entre arte e política ou, mais especificamente,
entre as artes da presença e a ação política, que realizo dentro do projeto de
pesquisa “Corpos Estranhos, Espaços de Resistência”, desenvolvido junto aos
coletivos NINFEIAS (Ouro Preto) e Obscena (aqui, em BH). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
projeto investiga ações performativas e escritas performadas (em suas múltiplas
dimensões e suportes) que tem como eixo as diferentes corporeidades e práticas
espaciais produzidas nas relações de enfrentamento e convívio ocorridas no
espaço urbano. Interessam-me, sobremaneira, as corporeidades vistas a partir
das questões de gênero<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>, sendo objeto de
investigação as práticas parodísticas e de (auto)invenção de corpos que visam
perturbar as lógicas de padronização e espetacularização das subjetividades e
colocar em xeque discursividades e representações que materializam os corpos, ou
seja, é objeto de experimentação as práticas que desejam evidenciar os efeitos
de poder que pesam sobre nossos corpos, tornando-os inteligíveis ou, ao
contrário, tornando-os corpos invisíveis ou mesmo abjetos: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">Nesse sentido, o que constitui a fixidez
do corpo, seus contornos, seus movimentos, será plenamente material, mas a
materialidade será repensada como o efeito do poder, como o efeito mais
produtivo do poder. [...] O ‘sexo’ é, pois, não simplesmente aquilo que alguém
tem ou uma descrição estática daquilo que alguém é: ele é uma das normas pelas
quais o ‘alguém’ simplesmente se torna viável, é aquilo que qualifica um corpo
para a vida no interior do domínio da inteligibilidade cultural (BUTLER, 1999,
p. 111). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Desse
modo, vejo, nas articulações entre ativismo e performance, uma possibilidade de
considerar a prática performática como uma nítida colocação/tomada de posição
de corpos políticos marcados pela diferença e, talvez, marcados pela opressão e
pela invisibilidade: o corpo da mulher, mas também o corpo dx negrx, dx
transgênerx, e tantos, tantos outros corpos possíveis! Nesse sentido, considero
que a performance pode, muitas vezes, alargar as fronteiras de sua ação
política e flertar diretamente com os movimentos sociais, performatizando-os.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">Esta é, a meu ver, a força da performance:
turbinar a relação do cidadão com a polis; do agente histórico com seu
contexto; do vivente com o tempo, o espaço, o corpo, o outro, o consigo. Esta é
a potência da performance: deshabituar, des-mecanizar, escovar a contra-pêlo.
Trata-se de buscar maneiras alternativas de lidar com o estabelecido, de
experimentar estados psicofísicos alterados, de criar situações que disseminam
dissonâncias diversas: dissonâncias de ordem econômica, emocional, biológica,
ideológica, psicológica, espiritual, identitária, sexual, política, estética,
social, racial... (FABIÃO, 2008: 237).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Evidentemente,
não é exclusividade da performance a possibilidade de “disseminar
dissonâncias”, até mesmo porque ela não escapa da institucionalização ou
mercantilização de sua produção<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>. No geral, esta tem sido a
tarefa de toda arte que se pretende política. No campo das artes da presença,
me interessam especialmente as diversas modalidades cênicas que, escapando de
uma taxinomia teatral mais tradicional, experimentam as relações entre arte e
vida, estética e ética, imbricando criação artística e ato ético. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Dessa
perspectiva, sem dúvida nenhuma é possível também alinhar a essa discussão
aquilo que Ileana Diéguez chama de performances ou “ações cidadãs”, ou seja,
“os gestos simbólicos que colocam vontades coletivas na esfera pública e
constroem de outras maneiras seu ser político. Não tendo um fim estético,
produzem uma linguagem que absorve a percepção e suscitam olhares a partir do
campo artístico<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>”.
Essas ações cidadãs podem abarcar desde as marchas silenciosas das Mães de
Maio, na Argentina, até a Praia da Estação e outras ações ativistas, ligadas à
militância política dos movimentos sociais e ao cyber ativismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É
importante destacar que, embora a aproximação entre performance e ativismo não seja
tão recente – remontando às décadas de 50 e 60 – parece haver, atualmente, um
estreitamento desses laços. Se por um lado, como salienta Diéguez, podemos
notar o “ressurgimento de uma politização na arte, através de práticas
carnavalescas, lúdicas e corporais”, por outro lado, é bastante perceptível “o
desenvolvimento de uma atitude estetizante das práticas políticas<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a>” de diversos movimentos
sociais – do feminismo e do ativismo LGBTT ao movimento negro – fazendo com que
a experimentação expressiva do corpo possa acontecer em variados níveis. Na organização
da Marcha das Vadias, só para citar um exemplo, é possível observar da
construção de um corpo coletivo à individuação das marcas de opressão (ou de
reivindicação de liberdade) nos corpos que performam múltiplos discursos sobre
a mulher. Pois pensar o corpo da mulher já não nos coloca inúmeras questões,
tais como: o que é “ser mulher”? O que a define? O que define um corpo como
feminino? O que pode o corpo de uma mulher? E o que não pode? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Voltando
então à questão colocada por Ileana Diéguez... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ao
tratar da efetividade da ação na cena contemporânea, ela o faz colocando em
xeque, inicialmente, o sentido desses 03 termos: efetividade, ação e cena
contemporânea. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No
que tange à cena contemporânea, ela questiona, em primeiro lugar, que tipo de
cena se tem em mente quando usamos esse termo, uma vez que “a noção de “cena”
se deslocou dos campos artísticos e cada vez mais tem sido considerada como
lugar de onde se observam ou onde se refletem realidades sociais, históricas e
políticas<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></a>” como, por exemplo, nas
expressões “a cena hip hop” ou “a cena política atual”. Em seguida, Diéguez
discute em que sentido “ação” está sendo considerada: “a ação como execução
performática ou teatral, ou como acontecimento artístico em geral? Ou a ação
como ato que compromete a unidade do ser”, ou seja, a ação como um ato em que o
sujeito esteja <i>eticamente</i> engajado?
E, por último, ela se pergunta em que sentido uma ação pode ser considerada <i>efetiva</i>, ou seja, “para quem ou para o
que [ela] é efetiva e a partir de quais critérios – pragmáticos, artísticos,
éticos – pode se medir esta ‘efetividade’” da ação? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com
essas questões como horizonte, Diéguez vai mergulhar em algumas reflexões
levantadas pelo filósofo russo Bakhtin<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></a> para discutir as
aproximações e limites entre arte e vida: “quando nos perguntamos se uma ação
na arte pode ser concebida e sustentada como um ato na vida”. Continuando, ela salienta
que, no projeto filosófico de Bakhtin, o ato ético é resultado da interação
entre dois sujeitos distintos, não como relação formal, mas no sentido de uma
responsabilidade concreta que condiciona o ser-para-outro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ainda
segundo Diéguez, essa noção de implicação é o fundamento real do ato que
implica também a <i>prática artística como
forma estética do ato ético</i>. No entanto, nunca como uma ação técnica ou,
muito menos, como um espetáculo do corpo.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif;">
</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em
relação ao corpo do performer, ela salienta que o corpo do atuante (seja ator
ou praticante)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">...não
é somente uma presença material que executa uma partitura performativa dentro
de um marco autoreferencial e estético. [...] A presença é um ethos que assume
não somente sua fisicalidade, mas também a eticidade do ato e as derivações de
sua intervenção. A condição de performer enfatiza uma política da presença ao
implicar uma participação ética, um rasgo em suas ações sem o encobrimento das
histórias e personagens dramáticos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ou
seja, para Diéguez, a presença abarca não só o aspecto físico, material, do
performer, mas também a responsabilidade ética que ele toma para si ao
colocar-se em um espaço cênico, assumindo todos os riscos daquilo que Eduardo
Pavlovsky chama de “ética do corpo”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Essas
questões a Diéguez coloca para abordar algumas experiências das artes do corpo
que aconteceram em “realidades em que se violam, somem ou aniquilam corpos”. Ou
seja, para pensar experiências artísticas atravessadas pelo contexto histórico
em que o corpo dx artista está não somente instalado, mas diretamente implicado.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Afinal,
o que pode um corpo mover?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">Uma experiência, por definição, determina
um antes e um depois, corpo pré e corpo pós-experiência. Uma experiência é
necessariamente transformadora, ou seja, um momento de trânsito da forma,
literalmente, uma trans-forma. As escalas de transformação são evidentemente
variadas e relativas, oscilam entre um sopro e um renascimento. Programas criam
corpos – naqueles que os performam e naqueles que são afetados pela performance
[...]. Corpos são vias, meios. Essas vias e meios são as maneiras como o corpo
é capaz de afetar e de ser afetado. O corpo é definido [por Espinosa] pelos
afetos que é capaz de gerar, gerir, receber e trocar. (FABIÃO, 2008, pp.
237-238).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;"><br clear="all" style="mso-special-character: line-break; page-break-before: always;" />
</span></b>
<br />
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Referências:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpFirst" style="margin-left: 14.2pt; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: -14.2pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">BERNSTEIN, Ana. <b>Marina Abramovic</b>: do corpo do artista ao corpo do público. IN:
SÜSSEKIND, Flora; DIAS, Tânia e AZEVEDO, Carlito (org.). <i>Vozes Femininas</i>: gênero, mediações e práticas de escrita. Rio de
Janeiro: 7 letras: Fundação Casa Rui Barbosa, 2003, pp. 378-398.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="margin-left: 21.3pt; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: -21.3pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">BUTLER, Judith. <b>Corpos que pesam</b> IN: LOURO, Guaciara Lopes (org.). O corpo educado:
pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="margin-left: 21.3pt; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: -21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="margin-left: 21.3pt; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: -21.3pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">CERTEAU, Michel de. <b>A Invenção do Cotidiano</b>: Artes de Fazer. Petrópolis, Editora Vozes:
2014.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="margin-left: 21.3pt; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: -21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="margin-left: 21.3pt; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: -21.3pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">DIÉGUEZ CABALLERO, Ileana. <b>Cenários Liminares</b>: teatralidades,
performances e política. Uberlândia: EDUFU, 2011.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="margin-left: 14.2pt; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: -14.2pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">FABIÃO, Eleonora. <b>Performance e Teatro</b>: poéticas e políticas da cena contemporânea.
IN: Revista Sala Preta, v.8, n.1. São Paulo, PPGAC da ECA-USP, 2008, pp.
237-238. Disponível na versão online:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="margin-left: 14.2pt; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: -14.2pt;">
<a href="http://revistasalapreta.com.br/index.php/salapreta/article/view/263"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">http://revistasalapreta.com.br/index.php/salapreta/article/view/263</span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpLast" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;">
<br /></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteTextCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif;">, Trecho da crítica <b>Esse silêncio grita por humanidade</b>, de
Ivana Moura, publicada no blog <i>Satisfeita,
Yolanda?</i> Disponível em: </span><a href="http://www.satisfeitayolanda.com.br/blog/2015/12/21/esse-silencio-grita-por-humanidade/"><span style="font-family: "times new roman" , serif;">http://www.satisfeitayolanda.com.br/blog/2015/12/21/esse-silencio-grita-por-humanidade/</span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> .<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> Sobre estatísticas de violência
contra a mulher, ver Mapa da Violência 2015, disponível em: </span><a href="http://www.compromissoeatitude.org.br/dados-nacionais-sobre-violencia-contra-a-mulher/"><span style="font-family: "times new roman" , serif;">http://www.compromissoeatitude.org.br/dados-nacionais-sobre-violencia-contra-a-mulher/</span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> .<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> BUTLER, Judith. <b>Problemas de gênero</b>: feminismo e
subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> Mas este é tema de outros
textos... para quem se interessar, sugiro a leitura do artigo de Josette Féral
(2015) “O que restou da performance art? Autópsia de uma função, nascimento de
um gênero”, bem como meu artigo “A performance morreu? Antes ela do que eu”,
publicado no Portal Primeiro Sinal e disponível em: </span><a href="http://www.primeirosinal.com.br/artigos/performance-morreu-antes-ela-do-que-eu"><span style="font-family: "times new roman" , serif;">http://www.primeirosinal.com.br/artigos/performance-morreu-antes-ela-do-que-eu</span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> .<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> DIÉGUEZ, 2011, p. 14.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> DIÉGUEZ, 2011, pp. 19-20.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> Esta e todas as citações seguintes
referem-se a DIÉGUEZ, Ileana. </span><b><span lang="ES-CL" style="font-family: "times new roman" , serif; mso-ansi-language: ES-CL;">La
“efectividad” de la “acción” en la “escena contemporánea”</span></b><span lang="ES-CL" style="font-family: "times new roman" , serif; mso-ansi-language: ES-CL;">:
¿La práctica estética como acto? </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;">Texto
inédito apresentado no colóquio Pensar a Cena Contemporânea, já citado
anteriormente.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn8">
<div class="MsoFootnoteTextCxSpLast" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Nina/Desktop/Nina%20Caetano/ARTIGOS%20&amp;%20AFINS/Mulher%20Performance%20e%20Viol%C3%AAncia2.docx#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> BAKHTIN, Mikhail. A Estética da
Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
Nina Caetanohttp://www.blogger.com/profile/10015103437944689081noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-56387131682590139662016-01-07T11:26:00.002-08:002016-01-07T11:26:30.044-08:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvHcpc5Tgm-aFAcusSUuViYBMxjsx3L47IKAt8SgXGhRitRMJmi5Bx5lZtEx3vMPHQJqJWq_-h7l8MqYGJz44Z3Mq2JfyLEdGCxH7vXZJxhLnAL7GDcXsEU14Asw7Kz-mkLSVgly_KLtih/s1600/20150324_154359.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvHcpc5Tgm-aFAcusSUuViYBMxjsx3L47IKAt8SgXGhRitRMJmi5Bx5lZtEx3vMPHQJqJWq_-h7l8MqYGJz44Z3Mq2JfyLEdGCxH7vXZJxhLnAL7GDcXsEU14Asw7Kz-mkLSVgly_KLtih/s320/20150324_154359.jpg" width="320" /></a></div>
<br />Nina Caetanohttp://www.blogger.com/profile/10015103437944689081noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-43958113088991518832015-12-18T11:45:00.002-08:002015-12-18T11:45:20.680-08:003 horas de prosa, as 3 histórias e as três Marias.<div style="font-family: 'trebuchet ms', tahoma, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21.4667px; margin-bottom: 6px;">
<span style="background-color: black;"><span style="color: white;"><b><span style="line-height: 21.4667px;">Maria, esta é Maria.</span><span style="line-height: 21.4667px;"> </span></b></span></span></div>
<div style="font-family: 'trebuchet ms', tahoma, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21.4667px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="background-color: black;"><span style="color: white;"><b>Maria, esta é Maria.<br />Maria, muito prazer: meu nome é Maria.<br />Dia de luto: Marias viúvas que lutam.<br />Homens violentos que morreram primeiro.<br />Os 4 tiros, o facão amolado toda noite embaixo da cama: "Hoje você vai trabalhar nesse quarto".<br />A fome, a rapa de arroz na casa da vizinha, os 4 filhos, o tapa na orelha que ainda dói: "As mulheres da zona são melhores que você".<br />Ser evangélica para agradecer a obra de Deus: Ser viúva foi milagre.<br />"Olha aqui a marca do tiro. Deus me salvou da morte."<br />"Santa Efigênia tem uma casa nas mãos. Eu estava desesperada e pedi uma casa para ela. Uma casa em minhas mãos também."<br />Comigo também, Maria.<br />"Quem casa quer casa. Eu queria ir embora da casa"<br />Maria, eu não sou evangélica. Mas eu sou mulher.<br />Maria, eu não sou católica. Mas eu sou mulher.<br />Me dá um abraço.<br />Maria, eu não quero parar de conversar com você.<br />dá seu telefone, eu quero guardar essa foto.<br />Eu mando prá você.<br />Eu perdoei a outra mulher dele. Somos amigas.<br />Eles estão mortos. Mas poderia ser a gente.<br />Maria com a bíblia na mão, agradece.<br />Maria, muito prazer. Esta é Maria.<br />Maria, muito prazer. Esta é Maria.<br />Choramos cortando nossas cebolas.<br />Nossa, já é hora do almoço.<br />Eu nem vi o tempo passar.<br />Volta?<br />Volto.<br />Eu também nunca vou me esquecer de você.<br />Maria, até logo.<br />Maria, até já.<br />Maria, boa tarde.<br />Maria, até outro dia.</b></span></span></div>
<div style="font-family: 'trebuchet ms', tahoma, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21.4667px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="background-color: black;"><span style="color: white;"><b><br /></b></span></span></div>
<div style="font-family: 'trebuchet ms', tahoma, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21.4667px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="background-color: black;"><span style="color: white;"><b><br /></b></span></span></div>
<div style="background-color: black; display: inline; font-family: 'trebuchet ms', tahoma, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21.4667px; margin-top: 6px;">
<span style="color: white;"><b>(Thaiz Cantasini - </b></span></div>
<div>
<div style="background-color: black; display: inline; font-family: 'trebuchet ms', tahoma, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21.4667px; margin-top: 6px;">
<span style="color: white;"><b>Ação Por Marias e Evas - </b></span></div>
</div>
<div>
<div style="background-color: black; display: inline; font-family: 'trebuchet ms', tahoma, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21.4667px; margin-top: 6px;">
<span style="color: white;"><b>18/12/15. </b></span></div>
</div>
<div>
<div style="background-color: black; display: inline; font-family: 'trebuchet ms', tahoma, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21.4667px; margin-top: 6px;">
<span style="color: white;"><b>Das 9 ao meio dia.</b></span></div>
</div>
<div>
<div style="background-color: black; display: inline; font-family: 'trebuchet ms', tahoma, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21.4667px; margin-top: 6px;">
<span style="color: white;"><b>Cachoeira do Campo-MG)</b></span></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-65222346556402257802015-11-16T14:45:00.000-08:002015-11-16T15:02:01.124-08:00ARTE/VIDA, FEMINISMO E O SOM DO CHUTE NO CÁRCERE. <div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: white;"><span style="background-color: white; color: #373e4d; font-family: "helvetica" , sans-serif; font-size: large; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="background-color: white; color: #373e4d; font-family: "helvetica" , sans-serif; font-size: large; line-height: 150%;"> </span><span style="background-color: white; color: #373e4d; font-family: "helvetica" , sans-serif; font-size: medium; line-height: 150%;"><b> Thaiz Cantasini</b></span></span></span><br />
<span style="background-color: black; color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="background-color: black;"><span style="background-color: black;"><span style="background-color: black; color: white;"><br /></span></span></span>
<span style="font-size: large;"><span style="background-color: black;"><span style="color: white;"><span style="background-color: black;"><span style="background-color: black;"><span style="background-color: black;">Sin</span><span style="background-color: black;">to-me vitoriosa
por ser separada e ter ca</span></span><span style="background-color: black;">çad</span></span><span style="background-color: black;">o me</span><span style="background-color: black;">u próprio canto. Adoro minha casa, a varanda
sem horá</span></span></span></span></span><span style="background-color: black;">rio, o pé de manjericão, meu pisca-pisca ligado na sala sem ser Natal.
A casa é alugada, mas é o melhor que posso fazer por mim e por minha filha
agora. Gostamos tanto daqui!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Mas não se engane,
leitorx: a vida não deixou de esbofetear e de rir da minha cara. Mas agora com
uma diferença: sei responder, afiei minha língua nessa pedra-de-amolar (que é o
cotidiano) e apurei o meu silêncio ao ponto de tornar-me completamente indiferente
ou no mínimo piedosa quando a vida resolve ser cínica, arrogante ou babaca
comigo. Uso a palavra vida aqui como uma metáfora.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Foi importante ter
estudado e ainda estar estudando. Eu tenho 35 anos e faço mestrado em Artes
Cênicas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Estudando pude conhecer
outras mulheres, trocar conhecimentos, revigorar vida e arte, livros e con-vivências.
Toda mulher pode romper o exílio. E outras vão nos acolher porque nós sabemos
umas das outras. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Comecei a escrever
este texto depois de pensar no meu exílio e hoje consigo perceber que estou em
movimento. Não nasci prá ficar estacionada. Não sinto tesão por gente
estacionada. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Digo isso depois de
engolir um marasmo enorme e por isso hoje sou mesmo insuportável. Sou
insuportável porque não caibo em mim, estou em estado de criação e de poesia o
tempo todo. Descobri que transbordo e aviso para as outras que o casamento
precisa ser reinventado desde o termo, que esse negócio de fundir e virar um, só
faz mesmo, com o tempo, é anular quem a gente é. Não posso falar pela
experiência de todas, mas eu, cá com meus percalços, arrisquei-me em exercitar
ser várias, experimentar a dimensão da minha existência e não justificar o que
opto quando o assunto é o MEU corpo. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Eu não me censuro
porque descobri que tenho direito de ser e de respeitar meus desejos, meus
sonhos. Eu atropelei por muito tempo os meus devires e por pouco não os matei: fiz
um curso de Direito por 9 anos querendo o tempo todo estudar teatro...e quando
saí, exigiram que eu carregasse só a culpa já que havia renunciado o diploma (“Tadinha,
ela não deu certo”). Abaixei muito a minha cabeça para um bando de homem dentro
e fora de casa. Acorcundei. Cedi o meu corpo como coisa aí pro mundo porque não
era senhora de nada, nem senhora de mim. Obedeci demais. Obedeci porque tive
medo. Obedeci porque “se não obedecer, apanha”. Mas a surra maior que a gente leva
é por obedecer demais. Eu fugi de casa, eu fugi do curso que não queria fazer,
eu fugi do casamento. Escapei, mas não ilesa. Nunca estamos ilesas. E faço arte
hoje pelas brechas que encontro para fugir das prisões desse cotidiano-mulher
que estica seu tapete de sangue vermelho-ancestral e eu quero uma história diferente
das que conheci.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Eu teria virado
nada se não descobrisse que eu sempre fui uma feminista (e isso gritou depois da
morte de minha mãe em 1996, quando a família achou que eu precisava de vigília
reforçada por ser a única mulher da casa: casar virgem, ter horário para chegar
e sair, fechar as pernas.) e que existem mulheres com histórias parecidas com a
minha...e que nem todas estão vivas (ou autorizadas) para um papo reto sobre
isso. Sim, nós deixamos de fazer muita coisa por sermos mulheres. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large; line-height: 150%;">Casar e ter filhxs
foi para muitas a única possibilidade de destino.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Deixe-me escrever
um poema por dia e aos poucos vou sendo o que eu achar melhor prá mim. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><span style="color: #c27ba0;">Faço isso por minha filha, Eva.</span><span style="color: white;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A maneira mais
sincera do meu fazer artístico se dá porque eu me reconheço como uma mulher
feminista. Porque nada que eu faça no âmbito das artes anulará a mulher que
está inscrita em mim. E eu não faço arte pela metade: Meu corpo está para o meu
discurso. Minha pele está para a minha geografia fêmea. Minha voz está para as
vozes que calei e quando eu cantar estarei rompendo essa mordaça. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A gente só percebe
o quanto obedece quando tem a chance de respirar. Eu respiro neste aqui e agora,
na intocável impermanência deste instante (apesar do meu vício irrevogável
pelos cigarros de palha: herança daqui das Minas Gerais).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Este escape para
sentir o sabor da própria pele e a possibilidade de amar nosso corpo no mundo
como potência impossível e precária, insuportável e poética, nos dilata: somos
de novo paridas. Lançadas no mundo e encontramos umas nas outras molhos densos de
chaves que podem romper portas enguiçadas, insistentes vigílias, ferrolhos e
cárceres. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Por via das
dúvidas, sabemos chutar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black; font-family: "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[<i>Thaiz Cantasini é licenciada em Artes Cênicas e mestranda em Poéticas e políticas da cena contemporânea pelo PPGAC UFOP. Compositora, mãe, poeta, performer e ativista feminista nos coletivos Ninfeias-Núcleo de Investigações Feministas e Coletivo Minas da Voz]<o:p></o:p></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #e69138; font-family: "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: black; color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i style="background-color: black;">.</i></span></span></div>
<span style="background-color: black; color: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="background-color: black;"><span style="color: white; font-size: large;"><br /></span></span>
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-73336531913995580722015-09-10T18:15:00.003-07:002017-06-29T13:19:54.190-07:00A barbie tem vagina?<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIUuF3wC1nw_ICC7SeFujXYoFZLjih2VbP6ZFrk2g-qb2mx5jh7c5GRSpLW7smKEVQvL83VMoat4teRBMij7TkGOSRk1G17YkSjJcxqjusdDqrKKN1NjdvChZimQqMjLE-Fkucy-pumOs/s1600/hans+bellmer.jpg" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="308" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIUuF3wC1nw_ICC7SeFujXYoFZLjih2VbP6ZFrk2g-qb2mx5jh7c5GRSpLW7smKEVQvL83VMoat4teRBMij7TkGOSRk1G17YkSjJcxqjusdDqrKKN1NjdvChZimQqMjLE-Fkucy-pumOs/s320/hans+bellmer.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">dolls de Jake and Dinos Chapman</td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
Da boneca<br />
<strike>sem vagina</strike><br />
a menina nada tem<br />
<br />
Suas coxas<br />
não são como as minhas<br />
Seus seios<br />
não são os ausentes-meus<br />
Sua bunda<br />
não chegou aqui<br />
Suas pontas<br />
em mim são pés<br />
<br />
Mas ela está aqui<br />
ela é viva<br />
a vejo na TV<br />
a vejo no PC<br />
a vejo<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyigGfi3WwAsDuuXos2Q1hyePaxVNwigsUxZW0-YozjWy3N_dcQesdY_BuArQfY3Os7-9cI26GfpQRVy1J45iKG9vk_Ug95GYpuJ49Dku8lCdx32K1g1TOz7J5t46UyXsHtIpPqlM_G3g/s1600/hansbellmer2.jpg" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyigGfi3WwAsDuuXos2Q1hyePaxVNwigsUxZW0-YozjWy3N_dcQesdY_BuArQfY3Os7-9cI26GfpQRVy1J45iKG9vk_Ug95GYpuJ49Dku8lCdx32K1g1TOz7J5t46UyXsHtIpPqlM_G3g/s320/hansbellmer2.jpg" width="315" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">dolls de Hans Bellmer</td></tr>
</tbody></table>
Vejo gente que virou ela<br />
ou ela que virou a gente?<br />
não sei<br />
só sei<br />
que a quero!<br />
<br />
peço à pai<br />
mas ele não mora com mãe<br />
peço à mãe<br />
mas ela chora<br />
se peço<br />
ela chora<br />
<br />
Disse que também queria<br />
mas que não podia<br />
cresceu assim<br />
<br />
Talvez se tivesse<br />
seria diferente<br />
Branca alta<br />
elegante<br />
rica<br />
loira peituda<br />
talvez se tivesse<br />
seria gente<br />
ou<br />
ainda seria como a gente?<br />
<br />
A
única coisa desse 'corpo' que se assemelha ao real, ao agora da menina,
seria sua vagina. Que deixa de existir, e, assim, a menina deixa de
existir.<br />
www.acaboclavaifalar.blogger.com <br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-33011146891151772102015-09-09T14:45:00.001-07:002015-09-09T14:45:08.518-07:00história da sexualidade, foucault 1versão 00
<i>Fichamento – História da Sexualidade, a vontade de saber, v 1, Michael Foucault</i>
“Segundo Foucault, a sociedade capitalista não obrigou o sexo a calar-se ou a esconder-se. Ao contrário, desde meados do século XVI-processo que se intensifica a partir do século XIX com o nascimento das ciências humanas- o sexo foi incitado a se confessar, a se manifestar.(…). Uma primeira abordagem (…) parece indicar que a colocação do sexo em discurso foi submetida a um mecanismo de crescente incitação (…)” compondo inclusive uma ciência da sexualidade. (Roberto Machado)*
<b>Cáp 2 – a hipótese repressiva
A incitação aos discursos</b>
Foucault contrapõe a hipótese de que a partir do século 17, com a burguesia, surgiria um período de repressão sexual e que dela haveria vestígios na sociedade moderna. Para ele, entre o século 17 a 20, há uma explosão do discurso sobre o sexo. Talvez tenha ocorrido uma depuração do vocabulário permitido: “polícia do enunciado”, “onde falar”, situações em que é permitido, relações sociais que permitem falar sobre o sexo e, também, as regiões de silêncio absoluto, onde não pode ocorrer o discurso: relação pais e filhos, patrões e serviçais. Mas, analisando-se minunciosamente, o discurso cresceu, principalmente a partir do século 18.
Aumentam-se os discursos no campo do exercício do poder, tanto institucionalmente, quanto pelas instâncias do poder. Sendo que estas apresentam uma curiosidade, obstinação, em apurar e detalhar sobre o sexo.
A igreja também incita este discurso, indicando que as confissões dos fieis sejam as mais detalhadas possível, com atos, desejos e pensamentos sexuais. A contrarreforma estimula a prática de confissões, e dá maior gravidade à penitência relacionada as ‘insinuações da carne’: “Tudo deve ser dito”. Para o bom-cristão há a “tarefa de dizer, de se dizer a si mesmo e de dizer a outrem, o mais frequentemente possível, tudo o que possa se relacionar com o jogo dos prazeres, sensações e pensamentos que tenham alguma afinidade com o sexo”, portanto, há a colocação do sexo em discurso.
Um efeito do discurso sobre o sexo da igreja do século 17 é a influência e projeção na literatura erótica do mesmo período. As confissões sexuais por ora ditas aos padres tornam-se presentes também na literatura, ambas em primeira pessoa. Mas, enquanto a pastoral procurava gerar “domínio, desinteresse, reconversão espiritual, retorno a deus, efeito físico de dores devido a ‘tentação’ ”, o romancista aspirava repetir, prolongar e estimular as cenas sexuais. Só que ambas trazem a tarefa de se dizer tudo sobre seu sexo, tarefa existente há 3 séculos.
Considerando-se estes três campos: Igreja, Instâncias do Poder e Instituições, tem-se que “o sexo é açambarcado e como que encurralado por um discurso que pretende não lhe permitir obscuridade nem sossego”. Não há uma censura sobre o sexo, mas uma “aparelhagem para produzir discursos sobre o sexo”. Sua expansão ocorreu principalmente pelo “interesse público”, em que apresenta seu mecanismo de poder em que tem como essencial para a sua manutenção o discurso sobre o sexo.
No início do século 18 associa-se ao sexo um discurso de racionalidade, surgem incitação política, econômica e técnica, a falar sobre o sexo. “Análise, contabilidade, classificação, especificação – há pesquisas quanti e qualitativas”. Já entre os séculos 18 e 19 outros focos suscitam o discurso sobre o sexo, como a medicina, a psiquiatria e a justiça penal.
Governos passam a lidar com ‘população’, ao invés de povo ou sujeitos. E nesta população são problematizadas a natalidade, a mortalidade, o uso de contraceptivos, a esterilidade, a idade do casamento, o nascimento legítimo/ilegítimo, a frequência das relações sexuais, todas questões girando em torno do sexo. “A conduta sexual da população é tomada como objeto de análise e alvo de intervenção”, surgem a regulação natalista e antinatalista, a análise de condutas sexuais, e as campanhas. O sexo é julgado legalmente, administrado, gerido e analisado. Torna-se questão de ‘polícia’, não a polícia repressiva, atual, mas a polícia do sexo, que o regula por meio de discursos úteis e públicos, e não pelo rigor da proibição.
O sexo tornou-se objeto de disputa ente o Estado e o indivíduo, o que antes era conversado entre crianças e adultos já não ocorre. Outras pessoas é quem falam sobre, há outros pontos de vista e outros efeitos do discurso sobre o sexo. Os colégios do século 18 evidenciam o pensamento e construção focados na regulação do sexo, incluindo precauções, punições e responsabilidades, formulados pelas pessoas que organizavam, autorizavam e arquitetavam o espaço educacional. As evidências constam no espaço da sala, na forma das mesas, no arranjo dos pátios e dormitórios, nos regulamentos de recolhimento e sono. O discurso interno da instituição diz que a sexualidade existe, precoce, ativa e permanente. O sexo colegial torna-se problema público. Médicos aconselham escolas e famílias, pedagogos projetam metodologias, professores falam e escrevem aos alunos.
Enquanto na Idade Média havia um discurso unitário em relação ao sexo (da confissão e da carne), nos séculos posteriores via-se que esta unidade discursiva se dispersou, decompondo-se e multiplicando-se. Este processo foi marcado por conflitos entre o discurso confessionário (em primeira pessoa) e os discursos racionalistas. Num período historicamente curto, 300 anos, ocorre um grande acúmulo de discursos sobre o sexo (biológicos, pedagógicos, econômicos, psicológicos, judiciais), e hoje acreditamos piamente que falamos timidamente ou pouco sobre o sexo.
Em relação a linguagem do discurso sobre o sexo, Foucault considera que as alterações na expressão/vocabulários em relação ao sexo têm a função secundária de tornar o seu discurso “moralmente aceitável e tecnicamente útil”. A discrição e o mutismo funcionam ao lado de estratégias amplas. Para além do binarismo, que vê ‘o que se diz’ e ‘o que não se diz’, há diferentes maneiras de não dizer, há uma distribuição diferenciada de quem pode e quem não pode falar sobre, há permissões para alguns tipos de discursos.
Enfim, será que dizer que não se fala sobre sexo não é uma incitação a se falar mais dele?
“O que é próprio das sociedades modernas não é o terem condenado, o sexo, a permanecer na obscuridade, mas sim o terem-se devotado a falar dele, sempre, valorizando-o como ‘o segredo’. ”
*As partes entre ("") foram diretamente extraídas do livro.
retirado de https://acaboclavaifalar.wordpress.com/
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-77417924432981141482015-07-24T17:13:00.000-07:002015-07-24T17:16:35.031-07:00as menor. no<br />
complexo<br />
das novinhas.<br />
<br />
<br />
nóis<br />
nas tantas vigas.<br />
<br />
ouvi<br />
dizê<br />
que senhor<br />
compositor<br />
daquele complexo<br />
das musicas<br />
que<br />
só<br />
diz<br />
novinha.<br />
<br />
tu<br />
repara<br />
mermão<br />
que<br />
o<br />
som<br />
<br />
vibrou<br />
infectou<br />
e<br />
agora<br />
complexo<br />
de julieta<br />
virou<br />
lema<br />
para disputa<br />
de<br />
quem<br />
é melhor.<br />
<br />
quer dizer, menor.<br />
<br />
quem<br />
é<br />
a novinha<br />
do mc<br />
romantico<br />
<br />
virou<br />
tema<br />
de<br />
competição<br />
alheia.<br />
<br />
ora,<br />
ora,<br />
já que vivemos<br />
sob a lenda<br />
dos capitais.Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-11206314067801364322015-07-24T17:06:00.000-07:002015-07-24T17:06:16.879-07:00tarja fraca nós leitoras,<div>
<br /></div>
<div>
feminista radicais. </div>
<div>
feminazi de outras noções. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
a loucura vemos? </div>
<div>
ou são só poetas </div>
<div>
que. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
poemas que. </div>
<div>
poetisa, melhor! </div>
<div>
<br /></div>
<div>
não, </div>
<div>
pare dessa caretice de refutar gênero. </div>
<div>
sapatões convi. convividas.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
então poeta! </div>
<div>
não, seja radical. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
feminazi poesia! </div>
<div>
<br /></div>
<div>
queria falar, </div>
<div>
volto sem cessar, </div>
<div>
a rosnar, </div>
<div>
a... </div>
<div>
<br /></div>
<div>
na real </div>
<div>
gostaria de mandar, </div>
<div>
no som do morro. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
feminazi sem tostão. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
mas, a loucura que vejo. </div>
<div>
quando reparo em poemas, </div>
<div>
reparo em poetas</div>
<div>
ou daqueles </div>
<div>
que utilizam </div>
<div>
pseudo </div>
<div>
feminismo </div>
<div>
discurso </div>
<div>
alheio </div>
<div>
para ganhar </div>
<div>
proveito. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
homenzinho </div>
<div>
fulaninho de fachada, </div>
<div>
uso do discurso libertário </div>
<div>
para fazer do objeto </div>
<div>
uso inapropriado </div>
<div>
de discurso libertário.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
</div>
Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-89303116206396193162015-03-13T07:11:00.001-07:002015-06-09T06:22:14.036-07:00 AÇÃO POSTO DE SAÚDE - SANTA CRUZ relato do movimento, meu ato de silêncio. a denúncia de vários tormentos.<br />
foi terça feira. preciso expor, vomitar essa ação. meu silêncio implora! abra a boca e escreve sobre tudo. - você ainda está em silêncio? sim... e sinto ainda mais tudo. reviver o que passou, as imagens, tudo...<br />
<br />
dia dez de março. começo escrever ás 15h09.<br />
<br />
fiquei uma hora de frente a ele.<br />
primeiro chego no bairro, me troco, amarro. os barbantes. amarraram me com seus arames. desci. caixinha de música na mão, a minha proteção. desci, comecei minha ação. dançar, dancei. "não há revolução sem dança." dancei, brinquei. e ele sentado no bar.<br />
antes disso, colando frases contra opressão, o mesmo sujeito passou em nossa frente... - eu preciso olhar a pressão.<br />
<br />
- você me olhou e eu te olhei. foi isso.<br />
<br />
ainda sem falar. queria tanto gritar! mas preferi cantar. que loucura! que força foi essa?! de pagu, de guerreira, de índia. as forças da minha mãe, da minha avó. para mim, foram mais que uma hora de silêncio. foi um tormento.<br />
<br />
- não chora, eu não te fiz nada. não chora.<br />
<br />
uma hora que meu corpo cresceu, torturas. eu rezei. pedi a d(D)eus que aquele sujeito se afastasse de mim! o espaço do movimento. meu corpo coberto por amarras.<br />
<br />
- ela me petrificou. ela me hipnotizou. eu não fiz nada.<br />
<br />
quem diria que a caixinha na minha mão, fosse a minha proteção. quem diria... que aquela música que eu odiava, que fica repetindo e repetindo fosse naquele momento a minha única proteção. fosse a minha arma, a minha espada! ele vinha, se encostava. eu o machucava. agradecia a<br />
<br />
- dani, sabe me informar se aqui na santa casa tem tratamento alcoologico? - na hora que eu escrevo o meu relato, vem o universo e retoma assuntos.<br />
<br />
eu o machucava. agradecia a d(D)eus por minha caixinha não ter formato de coração. minha caixinha pontiaguda. meu trabalho, um lugar de denúncias. o cheiro da cachaça ainda está na minha memória. eu dizia na minha mente: - se afaste de mim! repreendo. eu ordeno que saia. mas, ele saia e vinha. ele brincava. me olhava e repetia o jogo. saia e vinha. eu precisei cuspir.<br />
<br />
- É BRIGA! ouvi alguém gritar.<br />
<br />
com a energia ainda viva, meu corpo, minha cabeça. eu precisei de um cigarro. minha força, herança da minha família. eu não fui pega no laço. eu não deixei que ele me oprimisse.<br />
<br />
memórias. eu começando a ação.<br />
dançando com as amarras. das mulheres. comecei e vi que ele me olhava. saiu do bar e foi ver mais de perto a menina -eu- dançar.<br />
<br />
- o que esse cara está querendo? pensei comigo... ele me olhou e eu, olhei também... mas, ele não parava de me olhar. chegou mais perto de mim. - santodeus, será que ele quer tocar a caixinha? então eu ofereci a caixinha. ele nada, só me olhava e se aproximava.<br />
<br />
chegava mais perto, eu sem espaço. eu não conseguia mais dançar. então parei e o encarei. seu corpo se aproximava cada vez mais perto de mim. cara fechada, sobrancelha cerrada. - porque esse cara está aqui?<br />
o sujeito não me dava espaço. começou a usar o dobro do seu tamanho para me encarar. começou a imitar meu olhar. eu não deixei. isso não vai me amedrontar. continuei. cara fechada. agora era só a caixinha que tocava. durante um tempo era só que eu ouvia. parada. exposição da massa. seu corpo. saia e vinha. me oprimia. eu parada. NÃO! ao meu lado eu não te quero. ENCARO O DE FRENTE. esse jogo continuou. até que ele chegou mais perto do meu rosto. voltou - me olhou de cima em baixo E AINDA POR CIMA MORDIA O LÁBIO! olhava meu peito. me olhava sem o menor respeito. olhos ameaçadores. chegava cada vez mais perto. eu o machucava com a minha caixinha. chegou mais perto, quase encostou seu rosto na minha boca. ameacei, dei um tapa e falei: - você não me encosta.<br />
<br />
- tamo junto. ele disse.<br />
tamo junto. você me conhece. tamo junto.<br />
<br />
eu não... eu não acredito nas coisas que ouvi. e hoje, depois de três dias que realizei a ação. ainda escuto essa voz. ainda fica repetindo algumas frases da minha cabeça. o cheiro de cachaça. a caixinha parou.<br />
<br />
- TOCA! TOCA! TOCA!<br />
ele não parava de falar.<br />
- FALA! FALA! FALA! FALA!<br />
ele não parava de falar.<br />
<br />
- Eu Márcio, você? Você me conhece.<br />
- EU MÁRCIO! VOCÊ?<br />
<br />
eu não parava de apertar lo com a minha caixinha. ele ainda sorria. ia embora e voltava. parecia que precisava ganhar mais força com o impulso. me olhava.<br />
<br />
- FALA! FALA! FALA!<br />
<br />
naquele momento... o meu silêncio, foi o meu porto seguro.<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
espaço movimento. </div>
<div class="MsoNormal">
naquele mesmo dia, a noite... eu ainda escrevia.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
hoje.</div>
<div class="MsoNoSpacing">
silêncio.</div>
<div class="MsoNoSpacing">
hoje</div>
<div class="MsoNoSpacing">
– você não me encosta. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
ela é muda. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
gestos, e mais gestos. acho que aprendi direito. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
sai! </div>
<div class="MsoNoSpacing">
-toca, toca, toca, toca. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
- você está tensa. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
- ELA ME PARALISOU.</div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
eu estava amarrada. pés, mãos, tronco e uma linha que
cruzava tudo. eu não falava. eu no início, só dançava. ela eu, não rela neu. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
- você está bem? achei que fosse uma cena. nem sei onde esse cara mora. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
- ele é garçom.</div>
<div class="MsoNoSpacing">
- ele é doente. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
- ele é alcoólatra. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
- eu preciso de ajuda. – ele dizia. – você precisa de
ajuda. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
eu? </div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
a be</div>
<div class="MsoNoSpacing">
bida </div>
<div class="MsoNoSpacing">
a bebida não é nenhuma forma de justificativa para
qualquer agressão, ação contra a qualquer mulher. não justifica, não insista. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
ele insistia. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
vinha de cá para lá. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
brincava comigo. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
- não chora. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
- eu não te fiz nada. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
- eu não te fiz nada e te perdôo. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
CUSPO! CUSPO! CUSPO!</div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
CUSPI NA CARA. SEM MEDO DE LEVAR PORRADA! </div>
<div class="MsoNoSpacing">
CUSPI NO CHÃO. AVISO PRÉVIO MEU IRMÃO. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
SEGUNDA VEZ, CUSPI NO OLHO, CUSPI COM ENGODO.</div>
<div class="MsoNoSpacing">
cuspi, cuspi, cuspi. para chamar atenção de alguém. cuspia.</div>
<div class="MsoNoSpacing">
de mãos amarradas fiz o que podia fazer. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
cuspir. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
- eu não te fiz nada e te perdôo.</div>
<div class="MsoNoSpacing">
- eu márcio, você?</div>
<div class="MsoNoSpacing">
- fala! fala! fala! </div>
<div class="MsoNoSpacing">
- toca! toca! toca! </div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
a caixinha de música, pontiaguda, meu limite minha
proteção. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
eu machucava, queria que sangrasse. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
e ele saia e vinha. saia e vinha</div>
<div class="MsoNoSpacing">
seu olhar me perseguia. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
saia e vinha. olhava, oprimia. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
- eu preciso de ajuda. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
- porque? porque? </div>
<div class="MsoNoSpacing">
- você me conhece. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
- ele é garçom. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
- ele ta no bar aqui direto, quando eu saio do plantão,
ele está lá. já mexeu comigo várias vezes. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
- eu achei que fosse uma cena. hoje é a semana da mulher,
né?</div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
eu dançava, essa era a minha ação. ele chegou e não parou
de desafiar, de encarar, de insinuar, de cutucar, de implorar, de revidar, de
chantagear, de exclamar, de atormentar, de se queixar, de vacilar. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
- é igual uma luta, né. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
- é uma luta né? </div>
<div class="MsoNoSpacing">
- fala! fala! fala! fala! </div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
ele ordenava, cara de quem ordenhava. jeito de sujeito
refeito. </div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
- você me conhece.</div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
conheço. está certíssimo. estudo, pesquiso caras desses
jeitos. covardes que usam nós, mulheres para se manterem na posição de macho
alfa, procriador. conheço e abomino. </div>
Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-25142060550723467622015-03-11T14:10:00.006-07:002015-03-11T14:31:14.249-07:00<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: black; color: orange;"><b><span style="font-size: large;">OUVIDOS </span><span style="font-size: x-large;">IMPOSSÍVEIS ,</span><span style="font-size: large;"> </span></b></span><br />
<span style="background-color: black; color: orange;"><b><span style="font-size: large;">MULHERES IM</span><span style="font-size: x-large;">POSSÍVEIS</span></b></span></div>
<br />
<br />
<br />
<b><span style="background-color: black; color: #ead1dc; font-family: Courier New, Courier, monospace;">É preciso subverter as sonoridades opressoras do cotidiano para que ecoe a parafernália vocal entalada da minoria mulher.</span></b><br />
<b><span style="background-color: black; color: #ead1dc; font-family: Courier New, Courier, monospace;">Quantas músicas você cantou e que não passaram de uma cantada?</span></b><br />
<b><span style="background-color: black; color: #ead1dc; font-family: Courier New, Courier, monospace;">Quantas cantadas baratas viraram sangue dentro e fora das casas?</span></b><br />
<b><span style="color: #ead1dc;"><span style="background-color: black; font-family: Courier New, Courier, monospace;">Se queremos novas escrituras sonoras, que comecemos a retalhar nosso corpo em som e impiedade para desmontar o castelo de chumbo onde somos princesas que repetem frases sem sentido e que, sem percebermos, formaram um hino. Um hino do </span><span style="background-color: black; font-family: Courier New, Courier, monospace;">patriarcado</span><span style="background-color: black; font-family: Courier New, Courier, monospace;">.</span></span></b><br />
<b><span style="background-color: black; color: #ead1dc; font-family: Courier New, Courier, monospace;">Quando subverto a canção, subverto meu corpo inteiro e ouço para além das grades, para além da masmorra.</span></b><br />
<span style="color: #ead1dc;"><b><span style="background-color: black; font-family: Courier New, Courier, monospace;">Quando ouço para além das grades, escuto um oásis, seu movimento inacreditável. Onde mora um cuspe de liberdade. E é esse cuspe de liberdade que possibilita </span><span style="background-color: black; font-family: Courier New, Courier, monospace;">o e</span></b><span style="background-color: black; font-family: arial, sans-serif; font-size: x-small; font-weight: bold; line-height: 18.2000007629395px;">xistir d</span><b><span style="background-color: black; font-family: Courier New, Courier, monospace;">as</span><span style="background-color: black; font-family: Courier New, Courier, monospace;"> nossas correntezas.</span></b></span><br />
<b><span style="background-color: black; color: #ead1dc; font-family: Courier New, Courier, monospace;">Cada mulher empoderada comporá a sua própria música.</span></b><br />
<b><span style="background-color: black; color: #ead1dc; font-family: Courier New, Courier, monospace;">E quando cada uma cantar a sua, junto com a canção da outra, das outras... não há dúvidas de que o ruído insuportável das subjetividades nos soará harmonioso como quem dorme depois de cessada uma guerra.</span></b><br />
<b><span style="background-color: black; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><span style="color: #ead1dc;">Abramos escuta para que o timbre da palavra <span style="font-size: large;">respeito</span> seja mais estridente que o do</span><span style="color: #a64d79;"> </span><span style="color: orange; font-size: large;">fiu-fiu nosso de cada dia.</span></span></b><br />
<b><span style="background-color: black; color: #ead1dc; font-family: Courier New, Courier, monospace;">Escutemos os</span><span style="background-color: black; color: #3d85c6; font-family: Courier New, Courier, monospace; font-size: large;"> pássaros do quintal </span><span style="background-color: black; color: #ead1dc; font-family: Courier New, Courier, monospace;">para que possamos alçar os vôos certeiros </span><span style="background-color: black; color: #6aa84f; font-family: Courier New, Courier, monospace;">da águia.</span></b><br />
<b><span style="background-color: black; color: #6aa84f; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><br /></span></b>
<b><span style="background-color: black; color: #6aa84f; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><br /></span></b>
<br />
<span style="background-color: black;"><b><span style="color: #d5a6bd;">"Tornar<span style="font-size: large;"> audíveis</span> as forças não audíveis, como propõe Deleuze. Afirmar um <span style="font-size: large;">ouvido impossível </span>no lugar de um <span style="font-size: large;">ouvido absoluto</span>".</span><span style="color: white;"> (Artefilosofia n.9 p. 71, 2010)</span></b></span><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dzisJFqdnAu0Pkso-HSeG1nz1knMuZHZ9uyrCs7dYyfSyZP-eCTh7kdJErWR6ySrnw65t7Gygvc5qBYnZJvsA' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<br />
<br />
<span style="color: #d5a6bd; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b style="background-color: black;">O vídeo acima é um esboço de trabalho, uma possibilidade que tenho vivido e proposto dentro do Núcleo de Investigações Feministas NINFEIAS. E aqui, com as mulheres do bairro Sta Cruz, em Ouro Preto-MG foi elencada a música "Jesus Cristo", de Roberto Carlos, como música de trabalho de um dos grupos de mulheres presentes na tarde de Ocupação Feminista. Depois de escuta, toque e fios de percepções coletiva, nós avançamos para um trabalho de composição musical para uma nova letra para esta canção. Um e<span style="font-size: x-small; line-height: 18.2000007629395px;">xercício.</span></b></span><br />
<span style="color: #d5a6bd; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b style="background-color: black;">A mulher compositora traceja sua subjetividade <span style="font-size: large;">propondo uma marca sonora num tempo-espaço.</span> Leio isso como empoderamento feminino. <span style="font-size: large;">Porque o tempo musical propõe pequenas fissuras no tempo cronológico.</span> </b></span><br />
<span style="color: #d5a6bd;"><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b style="background-color: black;"><br /></b></span>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b style="background-color: black;">Pequenas revoluções cantantes, </b></span></span><br />
<span style="color: #d5a6bd; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b style="background-color: black;">micropoderes em gestação e vazão.</b></span><br />
<span style="color: #a64d79; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b style="background-color: black;"><br /></b></span>
<span style="color: white; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><span style="background-color: black;"><b>vivenciando soRoridades em soNoridades.</b></span></span><br />
<span style="color: #a64d79; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b style="background-color: black;"><br /></b></span>
<span style="color: #a64d79; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b style="background-color: black;"><br /></b></span>
<br />
<span style="color: #a64d79; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b style="background-color: black;"><br /></b></span>
<span style="color: #d5a6bd; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b style="background-color: black;">(Thaiz Cantasini)</b></span><br />
<br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-9495940935252911222015-03-11T13:15:00.003-07:002015-03-11T13:15:40.062-07:00como somos xxy. ou espaço x.<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:RelyOnVML/>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><br />
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:DontVertAlignCellWithSp/>
<w:DontBreakConstrainedForcedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
<w:Word11KerningPairs/>
<w:CachedColBalance/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<br />
<div class="MsoNormal">
meu lugar em diversas. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
foi as sete. comecei num sábado este espaço. procurei um
lugar para troca. não, nego o envelope, aceito o batom. – uma legenda. – peço a
escrita a papel e canetas. </div>
<div class="MsoNormal">
EM EXPOSIÇÃO.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>parada, estirada de
salto alto. a imagem de mulher exposta. o som da valsa número nove, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>achismos para nomes que eu esqueço. valsa de Beethoven?
danço. o salto permite movimentos curtos, dança ballética. pulinho daqui ali.
pausa.</div>
<div class="MsoNormal">
LEILÃO DE ARTE, 1,99. 8 DE MARÇO ÁS 19H.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
oito de março era o dia da mulher né? posiciono. batons,
marca de abusos, furtos olhares.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>curiosos. paro. não há dança. o rock in roll do lugar não permitia que
eu... tentei um pouco.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pequena dança.
repito passos para lá e pra cá. um aqui outro acolá. caminhos. viva sem descansar.
são sete e quarenta e começo. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
passaram uns. olharam outros. eu, na pequena valsa. sangrava
de olhares. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- porque eu acredito nisso? porque eu ínsito nisso? e de
novo sempre os olhares. vou até o fim. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
curiosos:</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- olha, ta tocando mesmo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- mas ela tem um nariz, o que será que ela
quer que eu faça? - você não fala? </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
continuo o passo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>aproxima
um de verde e seu acompanhante desnecessário. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- olha lá, ela está com o batom borrado.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>provavelmente ela foi beijada a força. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
o mesmo chegou seu rosto mais próximo. AMEAÇA um beijo.
virei o rosto. o acompanhante?? </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- você não ri? conhece a piada do pintinho que não tinha cú?
foi peidar e explodiu. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
desnecessário. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
saíram um pouco de vista, mas continuaram a admirar a menina
de sutiã. passaram algumas horas. eu cansei. sentei. perna aberta para
continuar. passa um fardado. escrito atrás segurança. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- aqui não é permitido sentar no chão. por favor, sente se
em um banco. por favor senhor, da um banco para ela. são as regras. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
olhei nos olhos. respirei no fundo. meu útero. esse homem
não vai estabelecer nenhuma ordem.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>levantei e sentei em cima do salto. alto. ele deu a volta com o banco.
colocou o ao meu lado. – quem esse cara pensa que é? pois então, ficarei descalça.
e foi o salto alto que ele viu sentado. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>meus
sapatos descansaram. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
em pé. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
olhares tortos.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>olhares soltos.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>os olhares delas.</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span> </div>
<div class="MsoNormal">
os melhores olhares. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
aqueles das nossas, sorrindo de canto de lado. sentiam se
representadas? foi o que me deixou em pé. mais forte, vitoriosa. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>os olhares. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
mas também havia aqueles que só viam a carne, a minha
exposição. aqueles olhares que me queriam no chão. passa um. visivelmente
abandado pela sociedade. n a margem. ele com muletas, sujo, algumas sacolas,
apenas um dente na boca, me olhou: <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>DELÍCIA.
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
eu não ... é isso? </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
continuei a ação. cansada, sem energia. mas havia a troca
dos olhares amigas. delas. olhares deram força. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>em pé. em cima do banco. cansei mais. me
rendi. sentei. mas de perna arreganhada. sub? </div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"></span>passadas, passada. cansada. </div>
<div class="MsoNormal">
uma criança me olhou. </div>
<div class="MsoNormal">
do outro lado sua mãe sorria. </div>
<div class="MsoNormal">
parou.</div>
<div class="MsoNormal">
no fundo a vontade de imitar lá. </div>
<div class="MsoNormal">
mas seu olhar desconfiado, </div>
<div class="MsoNormal">
de lado, </div>
<div class="MsoNormal">
parou, </div>
<div class="MsoNormal">
me arrepiou. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
subiu um monte de gente! ao lado. um aplaudia e meio que gritava: - linda. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>depois outro apareceu: - <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ta tocando.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>ai eu tenho medo disso, já fiz ballet.continuei. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
paro quando? <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- posso tirar foto? as fotos ficaram lindas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span> </div>
<div class="MsoNormal">
que performance linda. </div>
<div class="MsoNormal">
olha ela, linda.</div>
<div class="MsoNormal">
borrada, linda. </div>
<div class="MsoNormal">
sentada, linda. </div>
<div class="MsoNormal">
calada, linda. </div>
<div class="MsoNormal">
olha ela... ta protestando, linda. </div>
<div class="MsoNormal">
é... a sina? </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
por favor, peço que exercite outros adjetivos, coloquem
sujeitos... imaginem um objeto...e descrevam o predicado.</div>
Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-88932342905786514722015-03-09T10:17:00.003-07:002015-03-09T10:17:44.200-07:00o oito de março.dia nove.<br />
- hoje dia da mulher?<br />
<br />
me pergunto,<br />
passo em frente aos seus olhos carnívoros.<br />
vejo, o presente dos ISMOS.<br />
<br />
droga.<br />
abro a porta<br />
e vejo o plim plim,<br />
que plageia canção alheia.<br />
melodia do "hoje eu quero"<br />
sacrifica o "hoje, eu prezo"<br />
<br />
- mas dia da mulher é todo dia!<br />
<br />
dizem isso,<br />
mas primeiro vem a paródia.<br />
e para evitar a discórdia...<br />
- que isso, é só brincadeira!<br />
<br />
- a lá, a mulher não sabe brincar.<br />
<br />
colocam na letra,<br />
da primeira pessoa, falando para terceira(O).<br />
hoje é você que vai lavar,<br />
hoje é você que vai trepar,<br />
hoje é você,<br />
porque a cerveja é minha,<br />
hoje não serei sua menina.<br />
<br />
teria algo mais cult<br />
do que mandar ir cagar?<br />
<br />
e depois de toda a zombaria,<br />
vem logo aquela tia:<br />
- é só brincadeira, bonita.<br />
<br />
esse discurso de ódio,<br />
da emissoras<br />
me apavora.<br />
<br />
o ato de<br />
dar flores,<br />
coroa<br />
aquelas que.<br />
<br />
-ai. <br />
<br />
não quero<br />
concluir. <br />
Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-66635509677686674492015-02-12T05:46:00.001-08:002015-02-12T05:48:57.172-08:00Qual o clã que se destina: SOMOS TODAS CLANDESTINAS<span style="color: #c27ba0; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b style="background-color: black;"><span style="line-height: 17.5636348724365px;">Sou mãe, amo muito minha filha, mas não compactuo com a morte de milhões de mulheres em abortos clandestinos. A minha escolha foi ser mãe, o corpo é meu. Eu quis! Há de se ampliar a opinião sobre o aborto e compreender que algumas mulheres NÃO querem. E respeitá-las e não permitir que elas morram por isso. Sim, pela autonomia dos corpos: SOMOS TODAS CLANDESTINAS!</span><br style="line-height: 17.5636348724365px;" /><span style="line-height: 17.5636348724365px;">Amor e respeito pela escolha, pela autonomia, pelo corpografia de cada mulher. </span></b></span><br />
<span style="background-color: black;"><span style="line-height: 17.5636348724365px;"><span style="color: #c27ba0; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b><br /></b></span></span>
<span style="color: #c27ba0; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><span style="line-height: 17.5636348724365px;"><b>Mando aqui uma ótima sugestão de leitura sobre a descriminalização do Aborto. Abraços!</b></span></span></span><br />
<span style="background-color: black;"><span style="color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, lucida grande, tahoma, verdana, arial, sans-serif;"><span style="font-size: 14px; line-height: 17.5636348724365px;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Helvetica, Arial, lucida grande, tahoma, verdana, arial, sans-serif;"><span style="color: white; font-size: large; line-height: 17.5636348724365px;"><a href="http://renatacorrea.com.br/eu-te-desafio-a-pensar-outra-vez-sobre-aborto/">http://renatacorrea.com.br/eu-te-desafio-a-pensar-outra-vez-sobre-aborto/</a></span></span></span><br />
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, lucida grande, tahoma, verdana, arial, sans-serif;"><span style="background-color: white; font-size: 14px; line-height: 17.5636348724365px;"><br /></span></span>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5612598730533357129.post-79994585323419324272015-01-24T13:53:00.005-08:002015-01-24T14:07:33.744-08:00saudando as formigas "é trabalho de formiguinha!" sempre repeti essa frase para mim, lembrando que o trabalho é árduo e é aos poucos.<br />
as formigas são criaturas belas, delicadas e determinadas, carregam com força suas folhas, doces, e afins e deixam um rastro por onde passam...<br />
<br />
hoje eu saúdo as pequenas, as pequenas ações que nos fortalecem para continuar: ao infinto e além.<br />
<br />
desde a criação do ninféias, voltei meus olhares para crianças... e hoje, aconteceu algo mágico!<br />
a contaminação começou...<br />
<br />
numa tarde de sábado... dentre meus primos, só uma, ela... a menina... que gosta de princesas, barbie, com óculos cor de rosa sempre na cabeça e uma bolsa ao lado, combinado. ao começarmos nossa conversa, perguntei se ela já estudava e sua resposta entusiasmada disse: sim! e ficou tão excitada ao contar todas as coisas queria comprar... depois elogiou a barbie e não tirou o óculos da cabeça... a lágrima que ameaçou a cair dos meus olhos, voltou para o meu corpo em forma de combustão:<br />
<br />
- A BARBIE É FEIA! MAGRELA E LOIRA! OLHA PRA VOCÊ... SEUS CACHOS SÃO LINDOS!<br />
<br />
-Não, a barbie é linda...<br />
<br />
- A BARBIE É FEIA!<br />
<br />
percebi o que acontecia... durante nossa primeira conversa ela não tirava os olhos da TV... ousei, desafiei a lei da manipulação e apertei o botão vermelho.<br />
<br />
- E livro, você tem lido?<br />
<br />
- Aham... E seus óculos se mantiveram na cabeça... Eu gosto de princesa!<br />
<br />
- Que massa! Mas, lembra se... Existem princesas, príncipes, castelos e dragões e tudo isso é faz de conta... VAMOS BRINCAR DE CARRINHO!<br />
<br />
a energia contaminou a todos, e logo brincadeira começou... <br />
<br />
- Carrinho é legal! Eu gosto!<br />
<br />
a minha felicidade virou sol, e brilhei com essa pequena afirmação... depois ao pegar uma folhinha de gibi, entreguei em suas mãos e disse: Olha que massa, leia pra gente... os outros queriam competir ao pegar o papel, mas eu relutei: É a vez dela! e ela leu... usou um pouco da sua imaginação que não foi explorada aos quatro anos de idade e leu! um ponto a mais no jogo...<br />
<br />
- Vamos fazer um piquenique? uma voz veio do além!!<br />
<br />
- VAMOS!! Todos celebram!<br />
<br />
- E a barbie é feia!<br />
<br />
- É a barbie é feia... ela disse! Dois pontos...<br />
<br />
durante o passeio, brincamos TODOS de futebol... ela se alegrou tanto... e depois, quando se cansou, quis tirar a camisa, mas as outras disseram que é coisa feia:<br />
<br />
- ELA NEM TEM MAMILO! ELA É CRIANÇA! fui mais longe ainda... e ela.... minha querida priminha... tirou a camisa e sorriu ainda mais! vários pontos...<br />
<br />
AAAAh... que dia bom! termino o dizendo e pedindo que crianças se mantenham crianças....<br />
<br />
sendo assim, concluo e saúdo as formigas, sua força, sua determinação e seu rastro invisivelmente visível aos olhos daqueles que acreditam!Anonymousnoreply@blogger.com0